O
termo "marchas da morte" foi criado pelos prisioneiros judeus para
descrever a evacuação em massa dos campos de concentração.
Esses
deslocamentos forçados ocorreram em vários momentos, mas a maior e mais famosa
marcha foi protagonizada pelos prisioneiros do campo de concentração de
Auschwitz, na Polônia, em janeiro de 1945.
Essa
última evacuação ocorreu graças ao avanço do Exército Vermelho sobre o país,
que já havia descoberto e libertado o campo de concentração de Majdanek, perto
de Lublin.
Sem
tempo a perder, os nazistas obrigaram cerca de 60 mil prisioneiros a marchar
para a cidade vizinha de Wodzisław Śląski - Loslau, em alemão -, no coração do
Terceiro Reich nazista, para que continuassem a servir como mão de obra.
4 dias foi a duração da viagem
A
sangrenta ofensiva soviética de Vistula-Oder havia começado em 12 de janeiro de
1945.
Alarmados,
os oficiais nazistas adiantaram os planos de evacuação campos e subcampos
próximos. Para ocultar a realidade dos "campos de trabalho" das
forças aliadas, os nazistas também queimaram documentos com os registros dos
prisioneiros, além de desmontar e dinamitar as câmaras de gás.
Em
17 de janeiro, começaram a partir as primeiras colunas de prisioneiros.
Durante
a marcha, que ocorreu em pleno inverno, eles percorreram caminhos acidentados e
tiveram poucos momentos de descanso, dormindo ao relento no chão gelado.
56.000 prisioneiros
Crédito: Creative Commons |
Era
um número ínfimo diante da imensa quantidade de pessoas que foram deportadas
para Auschwitz a partir da primavera de 1940.
Em
meados de 1944, cerca de 65.000 prisioneiros foram transferidos para outras
unidades industriais do Terceiro Reich, reduzindo o total de presos à
metade.
Até
então, Auschwitz era um dos maiores campos de trabalho da indústria alemã - era
dividido em 28 subcampos e tinha três campos independentes. Os presos que não
foram selecionados para o extermínio imediato eram enviados para trabalhar em
fábricas de armamentos, minas de carvão e outros empreendimentos nazistas.
23 graus abaixo de zero
Era
temperatura suportada pelos prisioneiros. A viagem para Loslau, no sul da
Polônia, ocorreu no auge do inverno. Durante a jornada, os prisioneiros
contavam apenas com o uniforme fino da prisão e sapatos rotos, sem nem uma bebida
quente para aliviar o frio.
63 quilômetros
Era
a distância até seu destino. Apesar de ser uma das "marchas da morte"
mais curtas, as condições climáticas dificultavam qualquer esforço.
Os
que conseguiram chegar foram enviados a outros campos em trens superlotados.
Cerca de 20 mil recém-chegados foram para o campo de Bergen-Belsen, onde morreu
a jovem Anne Frank. Os prisioneiros enfrentaram uma grave epidemia de tifo
antes de finalmente serem libertados pelas forças britânicas, em abril de 1945.
9.000 mortos
Foi
o saldo da marcha, embora algumas estimativas citem 15.000 vítimas. Alguns
homens, mulheres e crianças morreram de exaustão ou de frio. Muitos outros
foram assassinados no caminho pelos guardas da SS, a polícia nazista.
"Meus
amigos e eu estávamos juntos em um grupo", recorda Florian Granek, então
um jovem de 22 anos. "Nós marchávamos atrás da coluna e víamos que eles
atiravam em quem não conseguia manter o ritmo, jogando os corpos em uma vala.
Começamos a contar os mortos, mas acabamos perdendo a conta.
A
Alemanha assinou sua rendição incondicional em 8 de maio de 1945. Todos os
campos foram libertados gradualmente com o avanço das forças aliadas. Em 27 de
janeiro, chegou a vez de Auschwitz, onde ainda viviam sete mil prisioneiros
gravemente doentes, incluindo 180 crianças.
Se
você quiser saber mais sobre o fim da guerra mais sangrenta da história, não
perca o especial Um Dia em Auschwitz, no Discovery.
Fonte:
Brasil Discovery/UOL Notícias, de 25/1/2015.
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