quarta-feira, 15 de agosto de 2012

SOLIDÃO, MEU VÍCIO

Antero Coelho Neto (*)
A solidão constitui um assunto muito comentado, desde o início do desenvolvimento do mundo pensante, por filósofos, poetas, escritores, cientistas, profissionais da saúde e outros.
Ao pesquisar, encontramos milhares de conceitos e frases, definindo o que seja “solidão”, para muita gente importante.
Aristóteles, já dizia: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem, ou é Deus”. Claro que nem uma coisa e nem outra. Elucubração de filósofo.
Venho estudando a solidão, desde há muitos anos, pela sua grande importância prevista na nossa qualidade de vida e longevidade. E também até já escrevi vários poemas e, um deles, “Solidão, meu vício”, tem sido um dos mais citados e comentados em vários “blogs e sites” de internautas aficionados do Brasil.
Mas agora, o assunto ganha um enorme valor médico, quando tem a sua confirmação científica através de uma grande pesquisa efetuada nos estados Unidos e publicada no Jornal da Associação Médica Americana, intitulada “Solidão nos idosos - Declínio funcional e morte”, mostrando o valor dos fatores psicológicos produzindo o “estresse da solidão”, causador de doenças e diminuição da nossa longevidade.
Costumo dividir a solidão em três tipos: física, mental e espiritual.
Física, quando a pessoa não tem o contato permanente com outras, por diferentes motivos. Muito comum nos Estados Unidos e em vários outros países do mundo, pela grande quantidade de idosos morando sozinhos, o que é uma grande preocupação na saúde pública desses países. Agora, estamos chegando a este tipo no Brasil com o aumento rápido de nossos idosos.
Solidão mental quando, tendo ou não o convívio com outras pessoas fica “isolada em si”, pensando com prazer ou pesar. E aí são diferentes e conflituosos tipos de conseqüências, algumas boas, outras más. Para manter a mente ativa são várias as possibilidades indicadas: pela leitura, pela música, prática de exercícios cerebrais, neurolinguística, técnica da mente ativa (DMT), neurobiótica, prática de escrever, tocar, cantar, participação em grupos nas suas diferentes modalidades sociais, etc., etc.
Na solidão espiritual a pessoa fica isolada, pensando em seu Deus ou Divindades, quando então mobiliza diferentes neurotransmissores, que podem promover satisfação de viver e até momentos de felicidade.
As pesquisas têm revelado, cada vez mais, a enorme importância desses elementos na mobilização de nossa vida normal e na manutenção de nossa saúde, qualidade de vida e também na longevidade. E esses achados de pesquisas científicas reconhecidas, engrandecem e estimulam a nossa luta para que todos busquem estilos de vida saudáveis. Confirmando assim, a OMS quando publica que: 70% das enfermidades não aparecem quando as pessoas praticam estilos de vida saudáveis.
Como bem destacou o geriatra João Macedo, no nosso programa “Novas Idades”, na Rádio-FM Universitária, é grande a importância dessa pesquisa da solidão dos americanos, para consolidar o papel dos aspectos sociais na saúde do idoso.
Por isso este lembrete terminal: ”Nunca fique sozinho. Esteja sempre em contato com você mesmo, seus familiares, seus amigos ou com seu Deus”. E aí vai poder atingir os 120 anos de vida a que já tem direito.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Publicado In: O Povo, 8/8/2012.

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