Francisco Pimentel
Cavalcante (*)
As mulheres jovens com câncer de mama têm fatores
especiais únicos: risco de predisposição genética, possibilidade de menopausa
prematura.
O câncer de mama é
o mais frequente nas mulheres. No Brasil, a última estimativa do Instituto
Nacional de Câncer (Inca) indica o aparecimento de quase 60 mil novos casos ao
ano, sendo cerca de 2 mil no Ceará. Recentemente, a percepção de que o câncer
de mama em mulheres jovens tem aumentado tem sido maior, assim como a atenção
da mídia e do público em geral para este assunto e o impacto da doença nesta
população.
Nos Estados Unidos,
segundo a Sociedade Americana de Câncer, cerca de 11% dos 230 mil casos por ano
ocorrem em mulheres jovens com menos de 45 anos. Isto faz do câncer de mama o
mais frequente tipo de câncer diagnosticado em adultos jovens, além de fazê-lo
o líder de mortes por câncer nesta faixa etária, com índice de cura menor, se
comparado a mulheres mais velhas com a neoplasia. Porém, ainda nos Estados
Unidos, um estudo recente revelou que, nas últimas três décadas, o aumento da
incidência de câncer de mama em mulheres jovens foi limitado a casos avançados,
e a incidência de casos iniciais não se alterou.
A incidência de
casos avançados nesse período aumentou 2% cada ano, o que corresponde a um
aumento absoluto de 1,53 casos a cada 100 mil mulheres em 1976 para 2,90 casos
a cada 100 mil em 2009. Desta estatística, apenas 1,37 casos são adicionais a
cada 100 mil. Além disso, o número de mulheres jovens com menos de 45 anos na
população americana aumentou mais de 9 milhões entre 1980 e 2010. No Brasil, de
1980 a 2015, nossa população saltou de 121 milhões para mais de 200 milhões.
Somente no período entre 2000 até 2015, tivemos aumento de 5 milhões de mulheres
entre 20 e 40 anos, aumentando a possibilidade de mais mulheres jovens terem
câncer de mama, elevando a sensação que a incidência tem aumentado.
As mulheres jovens
com câncer de mama têm fatores especiais únicos a se considerar: risco de
predisposição genética, possibilidade de menopausa prematura, problemas com
sexualidade e fertilidade, além de alteração no ambiente familiar, que inclui a
criação dos filhos, sua educação e carreira. Sintomas de ansiedade e depressão
são comuns e a intervenção inadequada deste problema pode piorar a qualidade de
vida, como também pode diminuir aderência ao tratamento. A doença também tem
menor taxa de cura nesta faixa de idade, devido, principalmente, a aparecimento
de tumores com características mais agressivas, falta de exames de prevenção e
dificuldade maior no diagnóstico.
Do ponto de vista
econômico, o câncer de mama em mulheres jovens resulta em perda desproporcional
de produtividade para a sociedade. Também, devido a características dos
tumores, o custo do tratamento é mais elevado, pois muitas vezes pode incluir
cirurgia, radioterapia, quimioterapia e agentes biológicos.
Concluindo: embora
menos frequente em mulheres jovens, o câncer de mama nesta faixa etária
representa um problema de saúde pública, pois provoca elevada morbidade e
mortalidade, além de impacto econômico importante. Pesquisas e programas para
mulheres jovens de alto risco são necessários, assim como para todas as demais.
(*) Mastologista e Chefe do Serviço de Mastologia
do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/10/2015. Opinião. p.9.
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