segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O CÂNCER DE MAMA EM MULHERES JOVENS


Francisco Pimentel Cavalcante (*)
As mulheres jovens com câncer de mama têm fatores especiais únicos: risco de predisposição genética, possibilidade de menopausa prematura.
O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres. No Brasil, a última estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indica o aparecimento de quase 60 mil novos casos ao ano, sendo cerca de 2 mil no Ceará. Recentemente, a percepção de que o câncer de mama em mulheres jovens tem aumentado tem sido maior, assim como a atenção da mídia e do público em geral para este assunto e o impacto da doença nesta população.
Nos Estados Unidos, segundo a Sociedade Americana de Câncer, cerca de 11% dos 230 mil casos por ano ocorrem em mulheres jovens com menos de 45 anos. Isto faz do câncer de mama o mais frequente tipo de câncer diagnosticado em adultos jovens, além de fazê-lo o líder de mortes por câncer nesta faixa etária, com índice de cura menor, se comparado a mulheres mais velhas com a neoplasia. Porém, ainda nos Estados Unidos, um estudo recente revelou que, nas últimas três décadas, o aumento da incidência de câncer de mama em mulheres jovens foi limitado a casos avançados, e a incidência de casos iniciais não se alterou.
A incidência de casos avançados nesse período aumentou 2% cada ano, o que corresponde a um aumento absoluto de 1,53 casos a cada 100 mil mulheres em 1976 para 2,90 casos a cada 100 mil em 2009. Desta estatística, apenas 1,37 casos são adicionais a cada 100 mil. Além disso, o número de mulheres jovens com menos de 45 anos na população americana aumentou mais de 9 milhões entre 1980 e 2010. No Brasil, de 1980 a 2015, nossa população saltou de 121 milhões para mais de 200 milhões. Somente no período entre 2000 até 2015, tivemos aumento de 5 milhões de mulheres entre 20 e 40 anos, aumentando a possibilidade de mais mulheres jovens terem câncer de mama, elevando a sensação que a incidência tem aumentado.
As mulheres jovens com câncer de mama têm fatores especiais únicos a se considerar: risco de predisposição genética, possibilidade de menopausa prematura, problemas com sexualidade e fertilidade, além de alteração no ambiente familiar, que inclui a criação dos filhos, sua educação e carreira. Sintomas de ansiedade e depressão são comuns e a intervenção inadequada deste problema pode piorar a qualidade de vida, como também pode diminuir aderência ao tratamento. A doença também tem menor taxa de cura nesta faixa de idade, devido, principalmente, a aparecimento de tumores com características mais agressivas, falta de exames de prevenção e dificuldade maior no diagnóstico.
Do ponto de vista econômico, o câncer de mama em mulheres jovens resulta em perda desproporcional de produtividade para a sociedade. Também, devido a características dos tumores, o custo do tratamento é mais elevado, pois muitas vezes pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia e agentes biológicos.
Concluindo: embora menos frequente em mulheres jovens, o câncer de mama nesta faixa etária representa um problema de saúde pública, pois provoca elevada morbidade e mortalidade, além de impacto econômico importante. Pesquisas e programas para mulheres jovens de alto risco são necessários, assim como para todas as demais.
(*) Mastologista e Chefe do Serviço de Mastologia do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/10/2015. Opinião. p.9.

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