Por Luciano Maia (*)
Jorge Tufic é poeta, acima de qualquer
outra coisa, ou seja, a sua dedicação à arte de escrever poemas é visceral
A poesia
brasileira tem, em seus poetas gênios criadores, quando antenados com a
realidade profunda e, mais ainda, com a realidade absconsa (a mais verdadeira)
ou pouco visível aos olhos menos experimentados ou menos atentos, que é a dos
mitos ancestrais e da força telúrica que esta Terra Brasilis guarda e engendra.
Um desses gênios criadores é Jorge Tufic, cearense
nascido no Acre. Curioso: o Acre, para onde acorreram no passado milhares de
cearenses, nos presenteou com este poeta, nas “horas vagas, pastor de ovelhas”
das altas constelações do céu da Fenícia, libanês e brasileiro vocacionado ao
universo das grandes manifestações da alma; Jorge Tufic é poeta, acima de
qualquer outra coisa, ou seja, a sua dedicação à arte de escrever poemas é
visceral, essencial, ele é um dos que buscam com paixão consciente o caminho que
vai dar no encontro com a inefável palavra-luz da verdadeira poesia. É fulcral,
sendo ao mesmo tempo algo que se transpira à vista do leitor-criador que tem a
felicidade de se encontrar com a sua leitura, usufruindo desse manancial de
sugestões de altíssimo teor, mais do que tudo, humano.
Habitantes de outras línguas já tiveram o prazer de ler
Jorge Tufic. E agora, numa oportunidade esplêndida, o poeta será publicado no
idioma de Baudelaire, mercê do trabalho de um ourives da recriação, quando o
assunto é a transposição de poesia para o francês; digo, sem nenhum temor de
proferir um descalabro ou uma heresia: Jean-Pierre Rousseau é, definitivamente,
o melhor tradutor da poesia brasileira para a sua langue pleine de prestigie. O
francês é isto, especialmente no campo da literatura, em face da inigualável
produção poética dos séculos XVIII e XIX, por poetas geniais.
A antologia de poemas de Jorge Tufic em tradução de
Jean-Pierre Rousseau intitula-se Qu’adviendra-t-il de toi, Amazonie? / Que será
de ti, Amazônia?, editada por Paradigme, de Orléans, no primeiro semestre de
2018. Tive a subida honra de ser convidado a escrever o prefácio dessa obra
magnífica.
Quem conhece a poesia oceânica de Tufic (há os poetas de
cabotagem e os poetas oceânicos) e tiver a curiosidade de lê-la em francês, se
encantará com esse encontro que semelha desde sempre marcado, tal é a
fidelidade do tradutor com os meandros dos igarapés que Tufic fez afluírem ao
grande rio para depois lançá-los aos oceanos de todas as latitudes. Grata fica
a poesia com esta celebração.
(*) Membro da
Academia Cearense de Letras (ACL)
Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/11/2017. Opinião. p.11.
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