quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DO SINDIODONTO

Por Raquel Praxedes (*)

No Ceará, existem hoje 11.759 cirurgiões-dentistas em atividade, contabilizando a proporção de um profissional para cada 747 habitantes. Esse número tem aumentado de forma exponencial devido à quantidade crescente de faculdades e nos faz refletir sobre a urgente necessidade de organização de uma categoria que já vem sofrendo os efeitos da precarização do trabalho, muitas vezes refletida na imensidão de cirurgiões-dentistas que se sentem lesados em seus direitos e não são remunerados dignamente.

Diante desse contexto, a direção do Sindiodonto vem desenvolvendo estratégias para promover a consciência dos profissionais sobre a importância da sindicalização e da participação direta nas decisões em assembleias e atividades promovidas.

Um sindicato tem como principal objetivo a defesa de uma coletividade e consiste em uma associação permanente de trabalhadores que se unem a partir da constatação de problemas e necessidades comuns. Infelizmente, essas entidades se deparam com a mesma dificuldade que também acomete o Sindiodonto: a maioria dos trabalhadores não compreende o seu verdadeiro papel.

Há cirurgiões-dentistas que desejam se filiar, mas não entendem os benefícios dessa filiação, visto que a temática é pouco explorada nas faculdades. Outros pensam que é só filiar, cruzar os braços e tudo estará resolvido. Há ainda aqueles que querem saber se terão direito a outros benefícios. O certo é que os principais motivos para um trabalhador se filiar ao seu sindicato são: união, segurança jurídica, reconhecimento e busca por valorização profissional. Os sindicatos têm grande importância na vida dos trabalhadores. Quando bem estruturados, podem proporcionar, através da participação ativa dos seus filiados, melhores condições de vida e de trabalho.

Em outubro, mês alusivo ao cirurgião-dentista, a direção do Sindiodonto lança o seu boletim bimestral, cujo objetivo é dialogar com os profissionais que ainda desconhecem suas atribuições e como funciona. Esse boletim é para os cirurgiões-dentistas que trabalham há anos sem receber o piso salarial, sem reajuste anual, sem plano de cargos, salários e carreiras, sem carteira assinada, sem condições de trabalho salubres e submetidos a diversas precarizações.

É tempo da categoria se unir em defesa dos interesses da nossa classe e valorização profissional!

(*) Cirurgiã-dentista. Diretora Geral do Sindiodonto-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/10/2024. Opinião. p. 28.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Convite Lançamento: LÉGUAS TIRANAS III

 

Os frades capuchinhos da Provìncia do Ceará e do Piauí da Ordem Franciscana Menor (OFM Cap) convidam para o lançamento de “Léguas Tiranas III”, livro póstumo de Frei Hermínio Oliveira, etimólogo e dicionarista, organizado pelo jornalista Zacharias Oliveira.

O livro é prefaciado pelo médico e professor Marcelo Gurgel, membro das Academias Cearenses de Medicina, Médicos Escritores e Letras, e apresentado por Frei Lopes (OFM Cap), um capuchinho cearense atualmente radicado no Canadá.

O evento acontecerá após a Missa das 18 horas, presidida pelo Arcebispo Emérito de Fortaleza Dom José Antônio Aparecido, em comemoração dos 90 anos do Seminário Seráfico de Messejana.

Local: Seminário Seráfico de Messejana.

Avenida Frei Cirilo, 4.454 – Messejana - Fortaleza.

Data: 4 de dezembro de 2024 (quarta-feira). Horário: 19h.

Traje: Esporte fino.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas


VELHA SIM, MAS A IDENTIDADE É NOVA

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

Indo com Rita assistir ao filme A Substância, logo percebemos que a razão de estarmos ali, era por causa da mídia que enfocou o filme sobre a velhice e a ditadura da eterna juventude para mulheres mais velhas. Rita advertiu: "o Brasil está envelhecendo". De um País jovem, cuja idade média dos brasileiros era de 29 anos há 15 anos, hoje temos uma média de 35 anos (Fonte: IBGE). Então o Brasil já é um país adulto! E de certa forma, envelhecido.

Concordei, pois sem se importar com a maturidade e a velhice, que se achega de forma ininterrupta, o País ainda não se estruturou para esse envelhecimento. "Precisa de uma nova identidade, "eu disse e Rita concordou: "Sim, se essa nova identidade para o País e para os idosos não for estabelecida e universalmente reconhecida, essa leva de idosos que em 1940 tinha expectativa de vida de 45 anos, e em 2020 subiu para 76,8 (Fonte: IBGE) continuará invisibilizada. Muitos ainda vêm essa geração apenas como os quem têm prioridade nas filas e que atrasam a vida social e familiar dos outros"

Esse preconceito contra os idosos, o etarismo, está enraizado e urge que comecemos a construir uma identidade sólida para a velhice brasileira.

Falei: "Rita, percebi a chegada da velhice como uma pancada: uma apresentação abrupta à finitude. Não tão clara nem de horizonte tão definido como o da cor esmeralda do nosso mar."

Rita respondeu: "Para mim, não está claro também, mas já sinto dificuldades para atividades antes normais" Falei: "Sua hora chegará". Eu decodifiquei para mim boa parte da vida que desaguou nessa nova identidade: declarei-me livre, dona do meu nariz, portadora de doenças crônicas, câncer e vícios nocivos à vida, mas controlados.

Ainda estou saudável, andarilha assumida, apaixonada por leitura e escrita, fascinada por palavras em si, namoradeira, apreciadora de uma culinária que não vi em nenhum programa de MasterChef: sem condimentos, mas bem nutritiva e saborosa. Praticante assídua do autocuidado. "Fui moldada para ser velha! Portanto, estou com identidade nova, dear Rita!"

Ela perguntou: "Mas nada sobrou do passado?"

Falei: "Sim! Carrego a formação de uma vida e sua essência: de criança aventureira à adolescente confusa sobre sexualidade. De adulta com maternidade e trabalho árduos, enfrentando perdas e conquistas. Escalando muitas pedras no caminho - das de Drummond. Acima de tudo, fui médica, cuidando bem de vidas com grande
empenho e emoção"

Dia desses, ao reler Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (1956), encontrei esta fala "bem atual" de Riobaldo: "Mais importante e bonito do que tudo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando." "E com identidade nova, né?"

Ela respondeu: "Êita, o filme vai começar!"

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro honorável da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 2.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

SESSÃO REMÊMORA DA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA - 2024

A Diretoria da Academia Cearense de Medicina (ACM) convida para a décima-primeira Sessão Remêmora do Sodalício, ocasião em que, de forma presencial, serão prestadas homenagens póstumas aos confrades que faleceram no corrente ano, bem como aos que em 2024 completariam cem anos de idade, se vivos fossem.

As saudações aos homenageados serão feitas pelos seguintes colegas acadêmicos:

FALECIMENTO

Acad. João Martins de Sousa Torres – José Eduilton Girão

Acad. Vicente de Paulo Leitão de Carvalho – José Ribeiro de Souza

 CENTENÁRIO DE NASCIMENTO

Acad. Francisco José Costa Eleutério – Francisco das Chagas de Oliveira

Acad. Ormando Rodrigues Campos – José Anastácio Magalhães

Ao término da sessão serão empossados como membros honorário in memoriam os doutores Fernando Antônio Mendes Façanha e Daltro Holanda, saudados por Acad. Luciano Silveira Pinheiro e Acad. Lineu Ferreira Jucá, respectivamente.

Local: Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da UFC.

Data: Dia 4 de dezembro de 2024 (quarta-feira).

Horário: 15 horas

Traje: Esporte fino.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cadeira 18


SOBRE SER MÉDICO NOS DIAS ATUAIS

Por Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Doutor Cabeto) (*)

Um dia, ao assistir a visita da Cardiologia do Hospital Universitário, me veio uma sensação de que o tempo parou.

As enfermarias do Hospital resgatam uma época quando ainda era estudante e caminhávamos em busca de aprendizado.

No entanto, atualmente existe de forma clara, uma diferença, a ausência dos médicos à beira dos leitos!

Se por um lado acontece em respeito à privacidade, creio que noutro prisma relaciona-se a mudança da atitude ao cuidar.

Trata-se, evidentemente, de um hábito muito antigo, que certamente nasceu a caudal do sofrimento humano. As descrições originais de Hipócrates ao visitar um enfermo grave, em domicílio, são uma demonstração de como respeitar a crise, o adoecimento: "cumprimente a família ao adentrar na casa, peça permissão e dirija-se ao enfermo. Em respeito, debruce -se sobre seu leito. Após examina-lo junte a família para esclarecer as dúvidas".

Guardo na memória, a espera dos meus mestres, entre eles, meu pai. Cumpriam um ritual, mas acima de tudo, percebia em seus semblantes, ternura, compaixão e solidariedade ao sofrimento do paciente.

A Medicina era mais lenta, com menos tecnologia, mas nem por isso menos eficiente, já que confortava a alma do enfermo.

Com o tempo vi nascer outra ciência, a evolução da biologia molecular, da genética, da patologia clínica e dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Quase que ao mesmo tempo assumimos a dependência dessas metodologias. Muito se avançou, mas também cresceram os enganos, a iatrogenia. A insatisfação com o médico aumentou
desproporcionalmente.

Num mundo científico mais complexo e com a insatisfação dos doentes precisamos fazer mais devagar.

Precisamos, sim, de regras de trabalho que respeitem os princípios da atividade médica. 

As decisões, atualmente, são mais difíceis. Envolvem habilidades milenares como conhecimento técnico, pensamento crítico, conhecimento humanístico, mas também domínio de línguas, liderança e trabalho em grupo. Nada disso funciona sem empatia, responsabilidade e capacidade de trabalho.

E o paciente é o paciente, com suas angústias, seus medos, suas dúvidas e suas almas.

(*) Médico. Professor da UFC. Ex-Secretário Estadual de Saúde do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/11/2024. Opinião. p.19.

domingo, 1 de dezembro de 2024

MISSÃO E VOCAÇÃO

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

O mês de outubro sempre nos renova um desafio: precisamos ser missionários. E começamos a exercer a missão em nossas famílias. A primeira célula a ser objeto de nossa evangelização é a nossa família, depois nosso quarteirão e, a partir daí as cidades até os confins do mundo.

A Igreja nasce missionária. Jesus era de Belém, porém, um dos lugares onde foi propagar sua Boa Nova, foi em Cafarnaum, num entroncamento de grandes estradas. Dentro dos seus recursos, Jesus foi anunciar o Evangelho onde a Boa Nova poderia "pegar a estrada".

Para semear é necessária perseverança, que vem da vigilância. Se achamos que as coisas serão rápidas, nos enganamos, elas não o são. As coisas para Deus demoram a ser conquistadas. Não adianta termos pressa e desanimar por não vermos resultados imediatos. Tudo acontece no tempo de Deus. Não somos máquinas, e Deus não é, obrigatoriamente, escravo do nosso relógio, da nossa hora.

O Reino de Deus, em nós, é uma construção constante. Largar as redes e dar o primeiro passo é importante, exige audácia, mas a vida é um aprendizado, o discipulado é permanente. Servir é a prioridade. Santa Terezinha, que celebramos no início deste mês, foi uma das primeiras que, mesmo sem ter uma Bíblia, foi muito criativa e "danadinha", ia a Igreja e copiava em seu caderninho os escritos dos Livros Sagrados. Quando esse texto caiu em suas mãos, ela entendeu que ali estava o segredo. Ela entendeu essa lógica diferente de Jesus. Entendeu que ao contrário de pensar na santidade como sacrifício, como algo inatingível, em alcançar a santidade pelos grandes feitos, pelas grandes obras, deveria ser como uma criança, e se fez uma criança nas mãos de Jesus.

Santa Teresinha não só descobriu que no coração da Igreja sua vocação era o amor, como também sabia que o seu coração foi feito para amar. Teresinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas em Lisieux, na França, com a autorização do Papa Leão XIII. Sua vida se passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus. Morreu com apenas 24 anos, se fez santa num convento que não tinha mais que 800m². Foi declarada Padroeira das Missões sem nunca ter saído do convento, porque sua oração tinha realmente asas. Conseguiu atingir a Igreja que estava na ponta e os missionários que estavam em missão.

Vamos juntos rezar:

"Minha Santa Teresinha do Menino Jesus,

que prometestes enviar uma chuva de rosas sobre o mundo,

peço-vos: realizai em minha vida vossa consoladora promessa.

Preciso de uma chuva de graças, que lave minha alma nas águas das bênçãos do Pai. Intercedei por mim, junto ao vosso Bem-amado Jesus.

Acompanhai-me com vossas orações, aumentai minha confiança na misericórdia divina. Desejo andar a passos largos no Pequeno Caminho que trilhastes, -

caminho todo feito de dependência e entrega aos desígnios amorosos de Deus.

Alcançai-me a graça de não duvidar do amor que Jesus tem por mim.

Ajudai-me a crer diariamente no amparo de Deus sobre minha vida quando estou aflito (a), quando estou ansioso (a), quando estou enfermo (a), quando me sinto fraco (a) e desencorajado (a) para orar, trabalhar e amar.

Concedei-me, da parte de Jesus, o dom da alegria, a capacidade de sorrir e crer, mesmo quando houver escuridão dentro de mim.

Fizestes do Amor o objetivo e sentido de vossa breve vida.

Enfrentaste com um sorriso todas as provações e nada negaste ao Bom Deus.

Que Jesus, vosso amado esposo,

Caminho, Verdade e Vida esteja sempre comigo e com as pessoas que amo.

Atendei-me nesta graça que com insistência vos peço

(neste momento deve-se fazer o pedido). "

(Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai)

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 2/11/2024. Opinião. p.18.

 

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