Com a chegada do mês de maio, já se tornou tradicional a realização, em distintos estados do Brasil, do “Enfermaio”, sob cujo rótulo, enfeixam-se as comemorações dos profissionais de Enfermagem, no período de 12 a 20 de maio. Nesses dias, de abertura e de término, são celebrados os nascimentos de Florence Nightingale e de Anna Nery, respectivamente, os dois maiores ícones da Enfermagem, mundial e brasileira.
O Enfermaio consiste de uma série de eventos programados por entidades de classe e instituições de ensino da Enfermagem, conduzida de modo articulado, no tempo e espaço, cobrando um forte empenho organizacional, para a mobilização dos enfermeiros e das enfermeiras, com vistas à discussão dos avanços técnicos e científicos ocorridos na profissão.
A Enfermagem brasileira experimenta, nas últimas décadas, um surto continuado de crescimento técnico, com a consolidação da pós-graduação, expressa em programas de excelência, dos quais emanam teses, dissertações e uma farta produção de artigos científicos, escoados em acreditados periódicos.
A busca pelo aprimoramento profissional tem sido uma constante na vida desses profissionais, muitos dos quais detentores de formação pós-graduada especializada, quando estão no pleno e maduro exercício da profissão. Os cursos de especialização, sejam públicos ou privados, não conseguem dar conta da demanda potencial de recém-formados, que almejam auferir conhecimentos especializados, e estão dispostos a pagar para isso.
Tais progressos, considerados importantes para o reconhecimento do profissional de Enfermagem, encontram, no entanto, sérios entraves, diante da realidade do mercado, que não remunera de maneira justa, e muito menos digna, os enfermeiros que desempenham papel maior na aplicação dos cuidados de saúde.
O conluio nefasto, de diversos fatores estruturais e conjunturais, concorre, celeremente, para minar o prestígio e o valor da profissão. Por conta disso, o Enfermaio mais que um evento comemorativo, deveria se tornar um fórum de discussão, durante o qual as entidades da Enfermagem, em franca articulação com seus associados, pudessem debater os impasses que tolhem um bom exercício da arte de cuidar, servindo ainda de campo de embate, pela valorização profissional.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado, sob o título, O que comemorar? In:Jornal Diário do Nordeste. Fortaleza, 06 de maio de 2008. Caderno Idéias. p.3.
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