Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Envelhecer
é crescer. Não é decair fisicamente.
O fato
mais positivo do envelhecimento é a
oportunidade de saber da proximidade da morte e aproveitar o mais possível a
vida, o dia-a-dia, o momento e valorizar as coisas simples da vida. O velho que soube viver as suas etapas com
sabedoria não terá medo de envelhecer.
Jamais
escutei um jovem dizer: quem me dera ter sua idade! Mas os pacientes mais
velhos desejam e falam com grande saudade da mocidade. Lembro-me quando um
jovem paciente com seus grilos, suas inseguranças, seus problemas, seu futuro
de incógnita nunca ouvi dele um elogio à vida e como é manipulado pelos falsos
valores que estão lhe impingindo, como a grife da moda ou beber tal
refrigerante ou viciar-se com tal e qual droga, fico com muita pena, pois não
poucos se matam, se acidentam, se drogam sem vislumbrar o sentido da vida.
Quando
alguém me pergunta se tenho medo da velhice respondo que não. Não tenho medo de
envelhecer, enquanto um jovem de 20 anos somente conhece até os vinte anos,
desconhece as demais etapas do ciclo vital, enquanto os mais velhos sabem o que
é ter 30, 40,50 anos. Tenho também muita pena das mulheres e dos homens que
passam a vida lutando contra a velhice, lambuzando-se de cremes, salões de
beleza, spas, plásticas e outras panaceias de permanecer jovem eternamente.
A idade
não é tema para ser medida pela régua da competição. Desejar maquiar a velhice
é tarefa impossível para não dizer trágica. O idoso somente se sente velho
quando deseja se comparar com o jovem. Velho feliz é ser da sua idade para
baixo. Não deve invejar as fases da vida que já passou. Como posso invejar o
jovem de hoje se já tive a sua idade? Pergunte a qualquer pessoa se ela
desejaria passar por tudo de novo?
***
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário