Por José Jackson
Coelho Sampaio (*)
SEMANA UNIVERSITÁRIA
A
20ª edição de nossa Semana Universitária anual coincide com o 40º aniversário
da própria Uece. A convergência de datas simbólicas estimula o olhar sobre fatos
e feitos, obstáculos superados e por superar, no pano de fundo da crise
político-financeira que o poder público brasileiro, em seus vários níveis,
vivencia.
No
Brasil, trazendo a memória da milenar instituição universitária - história,
ritos, defesa da própria autonomia e zelo pela publicização do conhecimento -,
mas como organização concretamente jovem, menos que secular, reagindo diante da
pletora de demandas acumuladas e da ameaça de estraçalhamento por
racionalidades antagônicas, as universidades brasileiras se perguntam: de onde
viemos? O que somos? Para onde vamos? Somos parte do Estado
burocrático-autoritário e da sociedade massificada/globalizada de consumo, sem
clareza sobre rotas e portos.
Além
das missões canônicas de formação das elites e dos trabalhadores, da pesquisa
para a produção de conhecimento novo, da extensão comunitária e da inovação
tecnológica, agrega-se a demanda por solução de problemas como a
empregabilidade dos trabalhadores, a redução das desigualdades sociais, a
compensação de iniquidades historicamente acumuladas e a oferta de conhecimento
para a incorporação por empresas.
Enfrentar
tais desafios requer novas formas sustentáveis de financiamento e de
planejamento e novas formas de gestão da produção acadêmica, destacando-se a
autonomia para o distanciamento crítico que nos permita filtrar demandas.
Compreender a Uece demonstra que estamos desafiados por problemas complexos,
sistêmicos e globais, que requerem superação das soluções pontuais,
emergenciais, ao sabor das iniciativas de cada reitor em particular, na solidão
de sua conjuntura político-financeira, para o enfrentamento dos determinantes.
Necessita-se
de planejamento estratégico e sistêmico do conjunto da educação superior
estadual cearense, incluindo projetos políticos com visão criativa de
totalidade, não sequestrados por interesses particulares de classes ou grupos
sociais, externos ou internos. Assim, convém compormos lideranças acadêmicas
colegiadas que possam, na forma de um corpo coletivo de trabalho, realmente
empoderado e respeitando a pluralidade, replicar as grandezas que marcam o
percurso da universidade no Ocidente. A Uece, em meio a suas desigualdades e
carências, olha o Ceará, o mundo e a história.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado In: O
Povo, Opinião, de 10/11/15. p.9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário