Meraldo
Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Quando os avanços tecnológicos
antecedem as melhorias psicossociais os resultados podem vir a ser
imprevisíveis e até danosos. Entendo como psicossocial aquilo que é
simultaneamente psíquico e social, tal como uma atividade ou estudo cujo tema
principal são os aspectos psicológicos, levando-se em conta também os aspectos
sociais da nação, considerados estes distintos dos aspectos políticos (condução
e administração da coisa pública), dos aspectos econômicos (aumento e
distribuição da riqueza nacional) e dos aspectos militares (salvaguarda dos
interesses, da riqueza e dos valores culturais da nação).
Na Medicina, que é a minha praia, os
avanços da ciência da informação têm trazido muitos benefícios e também muitos
diagnósticos e terapêuticos, que vão do engraçado — como o caso de uma paciente
que foi registrada no computador, por engano, como diabética, sem sê-lo, e
passou fome até o dia da alta; logo ela, que é uma doceira de mão cheia – ao
trágico (não aconteceu no Brasil), quando amputaram por engano a perna esquerda
de um paciente, quando o membro a ser extirpado deveria ser o inferior direito.
Não sei se é questão de idade, mais
vejo com grande preocupação essa ditadura cibernética. Dizia-se, no tempo dos
livros de textos médicos: “colocar um equívoco dentro de um livro de texto é
fácil... Difícil é retirá-lo”. Agora, na era do computador, deve ser a mesma
coisa? Não saberia dizer!
Como simples cidadão e médico, tenho
consciência de que a medicina é, antes de tudo, conhecimento humano, mas nada
entendo da ciência do Direito. Entretanto, sei que um tributado que cair na
malha fina, em sendo um cidadão comum, fica visado por toda vida terrestre ou -
para quem nisso acredita - por toda a eternidade. Sei também que a recente
descoberta da corrupção decorreu do cruzamento de dados digitais, com a forte
ajuda da delação premiada.
E aí desmoronou tudo o que parecia tão
arrumadinho desde o tempo do Cabral.
Cabral? Refiro-me ao achador do Brasil.
Seja lá como for, mesmo na era do
computador e outras parafernálias eletrônicas (ou não), faz-se necessário que
alguém rompa o silêncio, mesmo sendo um criminoso. Sem as delações premiadas
não seria possível pegar os graúdos. Nos casos de corrupção governamental, a
delação premiada é insubstituível.
Continua a ser válido que o Homem
(como espécie) ainda é o mais importante fator criativo e corretivo.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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