quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

'FORTALEZA DOS EVENTOS'


Por Ricardo Perdigão Pamplona (*)
Eventos existem desde tempos imemoriais e são uma parte vital da experiência humana. Valorizam fatos memoráveis, cristalizam marcos vitais e reforçam crenças, valores e culturas. Modernamente constituem-se poderosas ferramentas para o atingimento de metas sociais, econômicas e culturais e representam um importante meio de apropriação do espaço urbano para utilizá-lo de forma criativa.
Recentemente as cidades colocaram os eventos em evidência como ferramenta estratégica para apresentar suas singularidades, atrair atenção e visibilidade e gerar emprego e renda. Artísticos na sua maioria, mas também esportivos, institucionais e corporativos, as cidades passaram a utilizar os eventos como ferramenta de valorização do espaço.
Com boa infraestrutura, clima ameno e um povo festeiro e acolhedor, Fortaleza dispõe das pré-condições para posicionar-se como a ‘Fortaleza dos Eventos’ nessa era de competição global, colocando em prática estratégias de diferenciação em que a cultura desempenha um papel predominante em matéria de oferta de serviços e ainda como ferramenta de transformação social e de incremento da economia e do turismo. Mas isso não se faz por decreto, ao contrário, requer uma gestão profissional, objetivos claros e visão de longo prazo.
Na nova economia dita cognitiva, em que as ferramentas de produção e a matéria-prima são a informação e o conhecimento, elaborar um diversificado calendário de eventos buscando sempre o equilíbrio entre local e global e entre tradicional e contemporâneo, constitui-se numa incrível vantagem competitiva.
Uma experiência interessante seria realizarmos o ‘Festival da Lusofonia’, envolvendo os países que compõem o contexto lusófono (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) integrando essas etnias tendo por base comum a língua portuguesa, revelando suas potencialidades e proporcionando-lhes projeção e visibilidade. Eventos multiétnicos estão entre os mais complexos e possibilitam aos locais o acesso a novas culturas, e aos migrantes a reconexão com suas culturas originárias.
Assumir essa novíssima postura a partir de recursos pré-existentes
poderá resultar num salto qualitativo, uma janela para um futuro promissor, trazendo vibração, melhorando a imagem da Cidade e a qualidade de vida de nossa gente.
 (*) Economista, pesquisador e consultor.
Fonte: O Povo, de 5/1/2016. Opinião. p.9.

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