Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
Brillat- Savarin (+1826), In (“Physiologie du Gout”) (“… do Gosto”, 1825).
Uma das bíblias da Gastronomia, ecoou o alemão Ludiwig Feuerbach: “Der Mensch
(o homem) ist was (é o que) er (ele) isst” (de “essen=comer). Segundo A. da
Silva Melo (“Alimentação Instinto e Cultura”. Ed. J. Olympio, 1956) atuam em
nós igualmente a água, o ar, o sol, o exercício. Em português, a nutrição foi
originalmente abordada por Francisco da Fonseca Henriquez, o Dr. Mirandela,
médico de D. João V (1689-1750) (“Âncora Medicinal”. Ateliê Editorial, S.
Paulo, 2004). Lê-se ali: a conservação da saúde consiste também na observação
do beber, do sono e da vigília, do movimento e descanso, dos excretos e retentos,
e das paixões da alma.
Molière (+1673) sentenciou “... manger (comer) pour vivre
et non vivre pour manger”, plagiando Cícero (106-43 a.C.)!
Na Bíblia Deus fez chover o maná (pão: carboidrato) para
os israelitas em fuga. Contudo, constatou-se muito depois não serem os
carboidratos – das três fontes de calorias – necessárias à sobrevivência, como
gorduras e proteínas. Assim, invocando a bromatologia (estudo químico dos
nutrientes; do grego “broma” = alimentos), guardemos algumas dicas de dietários
(nutrólogos) reconhecidos como catedráticos em energia alimentar, conforme as
revistas científicas “Nature”, “Science”, “Lancet” e “N England J Med”. Sendo
crescente a fome destes conhecimentos, e minguante este espaço, anotem as
seguintes receitas:
Água. Para beber e/ou cozinhar há que ser alcalina (pH
entre 9,5 e 10). Bebe-se 6-10 copos/dia. Açúcar. Fonte primária de gordura. O
refinado (pães, massas, arroz, batatas, confeitos) transforma-se em
triglicerídeos, acelerando a aterosclerose e a doença coronariana. Prefira-se o
mascavo, o demerara, ou os adoçantes de “stevia”. Gorduras. Óleos vegetais
comerciais surgiram em 1911, substituindo a saudável banha de porco avoenga
(dos avós). Em 1925 começamos a enfartar! Portanto, não à comida gordurosa e
escolhamos óleo (ou azeite) de oliva – ou de coco - extravirgens. Ácidos graxos
(gordurosos) são insaturados, benéficos, ou saturados, indutores do diabetes,
da hipertensão, do AVC, da coronariopatia, do câncer. Quando industriais
(“trans”. v.g., margarina) são nocivos. Optemos pelos primeiros, das sementes,
castanhas, dos peixes, das fibras vegetais (verduras e frutas) redutores do LDL
– C, o “mau” colesterol. Sal. Útil para batizar e elevar a pressão.
Recomenda-se o Sal Rosa, e a flor de sal, de Mossoró (RN). Leite. O da vaca
serve para bezerros e formar ossos e dentes. É ultrassalutar quando humano.
Recomendamos reler (“Mau deleite”, O POVO, 29/6/2014).
Pronto. Faltou tempo para os alimentos pitgóricos
(vegetais), as vitaminas, e os “nutricêuticos”. Rematando, renomado autor
aconselhou uma dieta dantes da ciência da alimentação, só da natureza, sua
sabedoria imanente, da inteligência inconsciente dos órgãos! (In Silva Melo,
“op.cit”). Realmente, seria um prato cheio pra meditação.
Nota: Frase
de Brillat-Savarin dá o título deste artigo.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 15/02/2017.
Opinião, p.10.
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