A palavra diáspora, no
sentido tradicional, significa fuga ou dispersão coletiva de povos pelo mundo,
muitas vezes sem rumo, por questões políticas, étnicas ou religiosas. São
sempre mencionadas, dentre outras, as diásporas judaica, africana, armênia e
chinesa. Verdadeiras migrações humanas, ao longo do tempo, causando níveis
elevados de sofrimento por falta de compreensão. Hoje, além da persistência de
algumas diásporas (fugas) humanas, existem aquelas relacionadas com ideias. A
ideia que estamos nos referindo diz respeito à intencionalidade e não ao
simples sinônimo de conceito. Vários filósofos estudaram e outros continuam
analisando o termo ideia, no sentido lato. Segundo o filósofo inglês liberal
John Locke (1632-1704), “É
mediante as ideias que o ser humano exprime o pensamento objetivo”. A rigor, em razão da ganância, da
intolerância e da tendência isolacionista, poderão surgir entre as nações
dificuldades que impeçam ideias pacifistas, éticas, de liberdade e
democráticas, complicando o pensamento político. Ou seja, quanto mais
conflitantes sejam as ideias, aumenta o risco de não se conseguir harmonia
entre política, paz e justiça. Ademais, atividades radicais e preconceituosas
influenciam de forma negativa as perspectivas de comportamento e de organização
social. A coerência programática baseada em princípios do ecumenismo secular
poderá permitir a reconciliação e a libertação, evitando tanto a dispersão
humana como a fuga de boas ideias. Recentemente, com sabedoria, o Papa
Francisco ressaltou que “precisamos
construir pontes e não muros”
visando o sentimento da solidariedade.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 3/2/2017.
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