Médico-Psicoterapeuta
Entendo como Economia a
ciência que estuda os fenômenos relativos à troca de bens e serviços gerados ou
obtidos por uma coletividade, estado ou grupo social. Em que pese o fato de a
economia recorrer à matemática, entendo que ela permanece sendo uma ciência
social como são a antropologia, a biblioteconomia, os estudos da comunicação, o
marketing, a administração, a arqueologia, a geografia humana, a história, a
linguística, a ciência política, a estatística, o direito, a psicologia, a
filosofia social, a sociologia e o serviço social, nenhuma das quais é uma
ciência exata.
A ciência da economia
não pode ser uma ciência exata. Mesmo a aplicação da matemática e da
estatística, que são teoricamente precisas, é imprecisa quando se trata de
seres humanos. Uma medida econômica depende de vários fatores imponderáveis
para funcionar, porque depende das pessoas e as pessoas são imponderáveis. A economia
recebe hoje o epíteto de “ciência econômica” mais para delimitar o campo de
atuação dos economistas. E por vezes a denominam de “ciência política”.
Esquecem que “ciência econômica” e “ciência política” não são equivalentes. A
ciência econômica não responde às consequências políticas resultantes das suas
atuações e aplicações.
Por sua vez os profetas
são pessoas, religiosas ou não, supostamente inspiradas por uma divindade ou
entidade espiritual. O profeta não fala em seu nome pessoal e sim em nome de um
Ser superior. Pelo que sei o profeta não é uma profissão liberal como a do
economista. Observo o comportamento dos economistas brasileiros, alguns que
tiveram trajetórias trágicas até no Ministério da Fazenda, que vivem dando
opiniões e são ouvidos e respeitados como se fossem adivinhos.
O que gostaria de
sublinhar é que a constituição brasileira de 1988: assegura a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica, independente de autorização de
órgãos públicos, salvo nos casos previsto em lei. Às profissões liberais como
Economia é exigido diploma que deve ser obtido em escolas superiores
reconhecidas pelo Ministério de Educação e Cultura. Desconheço diploma de Profeta,
pois eles não podem ser considerados profissionais, muito embora haja liberdade
de culto no Brasil. Não tenho lá muita certeza, mas foi ou é atribuída ao
Sigmund Bauman à frase: No século XXI não existem profetas e sim especuladores.
Mas a verdade é que os economistas adoram prever o futuro. Eles expressam suas
opiniões em momentos de crise, assim como astrólogos, adivinhos, mágicos,
profetas e todos os tipos de videntes.
Apesar da incerteza
causada pela crise política e financeira que estamos vivendo, seria
interessante que esses profissionais assumissem um comportamento mais humilde e
cuidadoso nas suas conclusões e como as noticiam. Em sua ânsia de prever o
futuro não deveriam provocar pânico coletivo. Profetizar o futuro é algo muito
perigoso e os profetas estão sempre errados, por terem razão. Profetizar o
futuro é fácil mais é muito perigoso, principalmente agora.
Hoje, as pessoas comuns, que formam a base dos
estudos econômicos, tornaram-se incômodas para os banqueiros, para os mais
influentes tecnocratas, e – principalmente - para os políticos que necessitam
de seus votos para permanecerem empregados.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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