Francisco
Jean Crispim Ribeiro nasceu em Fortaleza-Ceará, em 22 de agosto de 1953, sendo o
primogênito e único homem dos quatro filhos do casal Francisco Ribeiro Lima e
Isabel Crispim Ribeiro.
Aos cinco anos de idade, começou seus estudos no então Ginásio 7
de Setembro, dirigido pelo notável educador Edilson Brasil Soárez, cursando do Jardim
de Infância até concluir o curso Primário. Prestou exame para o Colégio Militar
de Fortaleza (CMF), sendo aprovado em 1965. No CMF fez o ginásio e até o
segundo ano científico, transferindo-se para o Colégio Cearense Sagrado
Coração, dos Irmãos Maristas, onde concluiu o último ano do científico em 1971.
A razão dessa transferência foi a sua decisão de desistir da
carreira militar por se sentir vocacionado para ser médico, e, para tanto,
tornava-se necessário buscar o aprendizado em uma instituição educacional que
preparava candidatos para concorrer, em condição potencial de aproveitamento, ao
disputado exame vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC), no qual o
acesso às vagas em Medicina era particularmente muito difícil, tanto pelo
tamanho como pela alta qualidade da sua concorrência.
Além de certificar a conclusão do Científico, o curso era
direcionado aos vestibulares para ingresso ao ensino superior, e firmava uma
saudável concorrência com os “Cursinhos” pré-vestibulares existentes na praça
de Fortaleza. Jean Crispim, como reconhecimento dos seus méritos, obteve bolsa
de estudo integral que lhe foi ofertada pelo Prof. Plinio de Sá Leitão, um dos
diretores do “Cursinho” do Cearense e grande cultor do vernáculo.
O “Cursinho” do Cearense, assim chamado, era considerado, nos
anos setenta, o mais exitoso dos cursos preparatórios ao Vestibular sediados em
Fortaleza. Em 1971, possuía duas salas reservadas a candidatos da Medicina, e dada
à formação auferida no CMF, ele ficou na turma M1, a de maior nível de
conhecimento e de rendimento em aprendizagem.
Paralelamente, ao tempo da sua formação escolar, Jean Crispim cursou o Instituto
Brasil-Estados Unidos (IBEU) até o nível T4, obtendo assim um bom domínio da
língua inglesa.
Em janeiro de 1972, com a intenção de cursar Medicina, prestou
vestibular para a área de Ciências da UFC, logrando 186 pontos em 270
possíveis, tendo sido aprovado em ótima classificação, que o permitia optar por
quaisquer dos cursos dessa área, e o possibilitando preencher a sonhada
matrícula na graduação de sua vocação – a Medicina, conquista usualmente festejada
mais por seus familiares, e, naturalmente, por ele próprio.
Essa vitória, contudo, poderia ser ilusória, pois a escolha
baseada na ordem do resultado do vestibular era apenas um indicativo de opção
inicial, cabendo a definição efetiva do curso ao rendimento final dos alunos
durante o Ciclo Básico. A inditosa e malfadada experiência da UFC ensejara a
criação de um clima de competição permanente entre os universitários e a
formação de certas “associações” espúrias, desde que os componentes não se
vissem como concorrentes.
Jean Crispim iniciou, em março de 1972, o Ciclo Básico, recém-criado
pela Reforma Universitária (da qual sua turma foi cobaia). Foi um tempo difícil,
pois precisou garantir a vaga conquistada no vestibular de 1972.1, para o curso
de Medicina novamente, o que foi conseguido com muito empenho e estudos ao
longo do semestre letivo.
Além das disciplinas da grade curricular da graduação, ele
procurou realizar estágios e outras atividades que considerava relevantes para
a formação médica. De saída, no terceiro ano do curso, entrou no Projeto
Acadêmico Pacatuba, uma atividade de extensão universitária do Departamento de
Saúde Comunitária, no qual por dois anos coordenou o setor de vacinação; no
quarto ano da graduação, foi durante um ano monitor voluntário de Patologia,
junto ao Departamento de Patologia e Medicina Legal.
Como a UFC não possuía serviços de urgência e emergência, buscou
superar essa carência, cumprindo estágio no Instituto Dr. José Frota, durante os
4º e 5º anos de Medicina, na equipe “H”, chefiada pelo Dr. Gilberto Sobral, em
escala de plantões aos domingos.
Foi de especial relevância para a sua formação médica o estágio
no Serviço de Coloproctologia da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, a
partir do 4º ano de Medicina até o final do curso. Dessa vivência com o Prof.
Pedro Henrique Saraiva Leão, sentiu-se motivado a exercer a cirurgia como
futuro campo de trabalho.
Optou por fazer o Internato no Hospital Geral de Fortaleza, por
ser um hospital mais moderno e dotado de bons serviços de várias especialidades
cirúrgicas, tocado por um corpo clínico da melhor qualidade técnica daquela
época na capital cearense.
Jean Crispim, ao término da graduação em 23/12/1977, fora bem-sucedido
no processo seletivo que permitiu realizar a sua Residência Médica em Cirurgia
Geral no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da UFC, tendo
prosseguido seus estudos e treinamento com vistas a exercer a coloproctologia,
especialidade que abraçou com afinco e nela vem se destacando entre os de maior
talento, condição reconhecida entre colegas e usuários, mercê de seus inegáveis
méritos pessoais.
Mesmo tendo chegado à idade em que muitos se “acomodam”, em
parte por decorrência das obrigações provedoras e dos encargos de educação
familiar, Jean Crispim não titubeou ao enfrentar o desafio de voltar aos bancos
escolares para perseguir a obtenção do diploma de mestrado, título aliás que
não lhe conferiria qualquer vantagem pecuniária e também não era motivado pela
busca de “status” ou mero sentimento de vaidade, dado que fora emulado pelo
desejo maior de aprender e de melhor compreender a Arte Médica.
Nesse tocante, com quase 20 anos de formado, foi admitido no
Mestrado de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFC, concluído com a dissertação
“Análise da resposta inflamatória comparando os fios poligliconato e
polipropileno em anastomose de cólon de ratos”, elaborada sob a orientação do
Prof. Dr. Francisco Sérgio Pinheiro Regadas, defendida em 1998.
É autor dos seguintes capítulos de
livros: Cap. 63.3 – Opções Técnicas no Tratamento Cirúrgico da Doença
diverticular. In: Tratado de Coloproctologia; Cap. 32 – Doença Diverticular.
In: Gastroenterologia e Hepatologia; e Cap. 30 – Hemorragia Digestiva Baixa.
In: Fundamentos da Cirurgia Digestiva.
A sua atividade profissional foi quase totalmente exercida no HUWC
da UFC, no qual foi cirurgião da emergência, depois médico assistente do Serviço
de Coloproctologia e preceptor da Residência Médica dessa especialidade. Também
cumpriu a função de cirurgião de urgência no Instituto Dr. José Frota por cerca
de 18 anos, cargo que renunciou para dispor de mais tempo de dedicação ao HUWC,
do qual já se encontra aposentado, após 38 anos de serviço, tendo sido
homenageado pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFC em
2006.
Dr. Jean Crispim é membro titular das seguintes associações
médicas: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; Colégio Brasileiro de
Cirurgiões; Sociedade Cearense de Coloproctologia – foi Presidente desta
associação na gestão de 1983-1987; e Sociedade Cearense de Cirurgia. Participou
como membro fundador da Regional Norte-Nordeste de Coloproctologia, criada no
Congresso Brasileira de Coloproctologia em Fortaleza em 1982o Foi membro do
Conselho Consultivo da Unimed Ceará.
Hoje, decorrido quase meio século de graduado, o Dr. Jean
Crispim ainda exerce a vida profissional apenas na clínica privada, atendendo
pacientes particulares e de convênios, tendo, ao seu lado, jovens cirurgiões
que o introduziram na cirurgia videolaparoscópica e robótica.
Do seu enlace matrimonial com a engenheira civil Maria José
Lopes Ribeiro, foram gerados os filhos: Lucas Lopes Ribeiro (psicólogo e
músico), Lívia Ribeiro Duncan (psiquiatra em São Paulo) e Lise Lopes de Miranda
(pediatra e professora da Unifor). O casal foi enriquecido pela chegada das
três queridas netas Marias (Lúcia, Duncan e Teresa).
O harmonioso casal Jean & Mazé cultiva
bens e valores espirituais, tendo participação regular em eventos conduzidos na
comunidade carismática católica e na Sociedade Médica São Lucas.
O Acad. Francisco Jean Crispim Ribeiro foi empossado na Academia Cearense de Medicina (ACM), em 22/03/2024, na Cadeira 4, patroneada por médico Manuel do Nascimento Fernandes Távora, e por último ocupada pelo Acad. José Eduardo de Carvalho Gonçalves, prematuramente
falecido em 8/06/2023, sendo recepcionado, na ocasião, pelo
confrade César Silva Pontes.
Com a admissão do confrade Jean
Crispim, a ACM passa a contar com sete concludentes da valorosa Turma Dr. José
Carlos Ribeiro, dos médicos formados pela UFC em dezembro de 1977, ratificando
a forte presença de colegas oriundos de uma mesma coorte médica.
Cons. Marcelo Gurgel Carlos
da Silva
Membro titular da ACM – Cad.
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* Publicado In: Jornal do médico digital, 21(192): 13-17, junho de 2025. (Revista Médica Independente do Ceará).
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