Por Pe. Antônio Edson Bantim Oliveira SJ (*)
Sorriso tímido, olhar orvalhado pela emoção,
ternura e delicadeza nos gestos encerrados numa voz tranquila que desce sobre
uma praça repleta de fiéis atentos e outras pessoas ansiosas por ouvir as
primeiras palavras do sucessor de São Pedro. Como no domingo da Ressurreição,
também naquele 8 de maio, ouviu-se as paravas imperativas do Ressuscitado: "a paz esteja com
todos vós".
As mesmas palavras de Cristo que ecoaram
no coração dos primeiros discípulos fazendo-lhes transbordar os corações de
alegria. Habemus Papam! A grei peregrina do Senhor é novamente provida
de um pastor que se define como "um humilde servidor dos irmãos, não mais
que isso", e acrescenta no seu primeiro discurso aos cardeais:
"compete a nós sermos dóceis ouvintes da Sua voz e fiéis ministros dos
seus desígnios de salvação".
O novo papa, já de início, imprime o seu
modus operandi, recordando a fatídica cena do encontro de Elias com o Senhor:
"Deus ama comunicar-se, mais que no fragor do trovão ou do terremoto, no
sussurro de uma leve brisa" ou ainda, "na voz sutil do
silêncio", afinal, "o amor não ostenta, não se vangloria e nada faz de inconveniente" (1Cor 13,4-5).
Mas, enfim, quantas surpresas nos pode
trazer o silêncio? Quanta força esconde-se no sussurro de uma brisa suave? Um
sussurro de paz que se faz ouvir na linha dos auspícios de Francisco que
convidava à fraternidade universal. Uma paz que escorre "como óleo
precioso e perfumado desde a cabeça até à orla da existência humana, (Sl
133,2); seu perfume de bálsamo espalhou-se por toda a "casa comum"
(Jo 12,3). Assim se apresenta, do balcão da imponente Basílica vaticana, o novo
Vigário de Cristo.
É, sobretudo, no discurso aos cardeais
que delineia os elementos essenciais de seu pontificado, recorrendo a textos de
seus predecessores e ao espírito do Concílio Vaticano II. Suas preocupações
iniciais são condensadas no anseio de buscar, "com ânimo sincero, a
verdade, a justiça, a paz e a fraternidade". Vejamos, pois, o quanto nos
poderá surpreender positivamente o papa que nos chega como o sussurro de uma
leve brisa trazendo paz ao coração de um mundo em chamas.
(*) Doutor em Teologia Moral, pároco da
Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Crato-CE e diretor do Colégio Pequeno
Príncipe de Crato-CE.
Fonte: O Povo, de 14/05/2025. Opinião. p.16.
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