quarta-feira, 4 de junho de 2025

MATERNAR E EMPREENDER: uma conciliação desafiadora

Por Rita Fabiana Arrais (*)

Gerenciar negócios e, ao mesmo tempo, cuidar da casa e da família tem promovido mudanças significativas na oferta de bens e serviços na economia. Pois as dificuldades de inserção no mercado de trabalho após a maternidade impactam a renda e a qualidade de vida familiar.

Dados do Sebrae (2024) apontam que no Brasil 67% das empreendedoras são mães, e a oportunidade de empreender ocorreu por influência da maternidade que lança a mulher para um novo tempo, desafiando a conciliação entre a profissão e o lugar de domínio nas rotinas da casa (cuidar dos filhos, alimentação, atividades de lazer, escola, etc.).

Essa realidade impulsiona as mães a empreenderem no mercado optando por ramos de negócios em que o lar seja a ferramenta principal, e o tempo de trabalho esteja em seu domínio. Diante deste cenário novos desafios surgem diariamente para essas empreendedoras, pois manterem-se competitivas no mercado exigirá qualificação e gerenciamento técnico.

Consequentemente, o empreendedorismo por necessidade torna-se um fato na economia, e de imediato gera emprego e renda. Porém, a longo prazo não se sustenta devido as oscilações do mercado (concorrência, inflação, períodos sazonais, taxas de juros, investimentos privados), desafiando as empreendedoras maternas a reverem o tempo e o espaço de dedicação para o seu negócio.

Transpor um desses desafios que são impostos pelo mercado é possível através de redes de apoio, pois existem para fortalecer o empreendedorismo feminino, dividindo os temores, as sobrecargas de tempo e incentivando os sonhos por meio da qualificação profissional.

Enquanto a maternidade for construída como obstáculo ao crescimento profissional, não podemos pensar em desenvolvimento socioeconômico. Se as garantias do trabalho não forem cumpridas pelo empregador, não podemos pensar em desenvolvimento socioeconômico. Se os salários pagos forem definidos por gênero, não podemos pensar em desenvolvimento socioeconômico.

O avanço por políticas públicas inclusivas voltadas para a maternidade e o empreendedorismo urge.

Feliz dia das mães para nós.

(*) Economista.

Fonte: O Povo, de 8/05/25. Opinião. p.17.

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