Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A
Internet é acontecimento que transformou a existência humana na Terra. Mudou a
qualidade de vida de todos, inclusive da geração da “terceira idade” (eufemismo
para velhice). A velocidade com que se passa de uma geração a outra não é mais
como a Bíblia diz: de 40 em 40 anos, mas sim de 15 em 15 anos, e tem mais,
assisto à designação de gerações X, Y e Z e talvez, com o andar da carruagem -
ou dos foguetes, armas químicas e guerras cibernéticas, as letras do alfabeto
não sejam suficientes.
Seja por
uma nova moda, pela velocidade dos tempos ou por puro academicismo, os
sociólogos estão empregando letras para designar as gêneses. Aproveito essa
nomenclatura para propor que os nascidos, como eu, entre 1930 e 1940, tenham o
direito de serem chamados de Geração ‘V’. Esse ‘V’, explico, não é de velho,
velhice, mas V da Vitória por termos conseguido alcançar, apesar de
tudo, a atual geração denominada de Y (também denominada geração do milênio ou
geração da Internet, formada pelos nascidos após 1980 ou, segundo alguns, de
meados da década de 1970 até o meio do decênio de 1990).
Portanto,
conclamo-os, companheiras e companheiros geracionais, a nos congregarmos, pois
graças aos progressos médico, sanitário, científico e social não somos mais (geralmente)
tratados com impaciência pelos jovens. Assim, devemos nos unir – todos em um
desiderato comum, independente da geração antiga à qual pertençamos.
Não
podemos nos omitir, pois, enquanto vivos formos, somos responsáveis pelos
nossos atos e não nos venham dizer que não temos o direito de transmitir nossos
princípios, pois vivenciamos fatos como o nazismo, o fascismo, o comunismo, as
seitas religiosas, o aumento do consumo de drogas e essa pressa que pariu os
“black blocs” e assemelhados.
O que sei
é que os jovens estão, em sua maioria, escolhendo o pior dos caminhos
enganosos, como sói acontecer desde que descemos das árvores. O que me revolta
é a omissão dos mais velhos, quando creem que os jovens sempre têm razão,
apenas por serem - jovens.
Depois não
me venham dizer que erramos, quando o erro já foi cometido e não importam mais
as desculpas, pois não é mais possível modificá-lo. Enquanto vivos estivermos
não podemos dizer “no meu tempo” ou que “o mundo mudou”, pois a isso denomino
omissão de responsabilidade. Cada um de nós é responsável por todos. E isto não
tem relação nenhuma com o número de anos vividos. As coisas da vida se dão por
acúmulo, não por revoluções ou rupturas abruptas. Tenho dito, salvo melhor
parecer.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário