Por Padre Geovane Saraiva (*)
Somos chamados de
pedras vivas e Cristo conta conosco, como protagonistas indispensáveis nesta
construção espiritual, que é a Igreja.
Nas construções antigas, a pedra angular era tida como a
pedra fundamental, a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando
um ângulo reto entre duas paredes. Servia para definir a colocação das outras
pedras e alinhar toda a construção. O edifício, o qual nos referimos por
analogia, é Jesus Cristo, e que compreendido aos olhos da fé e também pela
razão, é a pedra angular, aquela que os pedreiros rejeitaram (cf. Sl 117, 22),
que por inúmeras vezes a Bíblia Sagrada se refere.
Ainda associando a ideia de edifício, ou de uma
construção, nos vem a mente a Igreja como templo santo de Deus. No Antigo
Testamento temos em Salomão a prefiguração de Cristo, ao edificar o templo como
lugar por excelência de encontro com Deus. Naquele lugar sagrado guardava-se a
Arca da Aliança, sinal límpido da presença do Senhor no meio do seu povo. O
maravilhoso neste contexto inefável é perceber que o templo prefigura a Igreja,
a Sião ou a Jerusalém Celeste, local no qual o Espírito Santo de Deus habita,
guiando-a e sustentando-a (cf Rs 6,1-14).
Somos chamados de pedras vivas e Cristo conta conosco,
como protagonistas indispensáveis nesta construção espiritual, que é a Igreja.
Nela, todos são importantes, ninguém é descartável ou inútil, contradizendo
portanto a lógica do deus dinheiro que descarta os menos favorecidos. “Nós
somos pedras vivas no templo santo do Senhor”, disse o Papa Francisco, na
audiência geral da quarta-feira, de 26/06/2013, na Praça de São Pedro,
reafirmando esta verdade da fé. Urge um convencimento sempre maior de crer na
Palavra de Deus, nós que temos Jesus Cristo por base e fundamento, no qual está
edificada a Igreja de Cristo, que aos olhos da fé a vemos como bela e
indescritível obra.
Como é maravilhoso
pensar na Igreja, tendo Cristo como o bom pastor, como pedra angular e seus
discípulos e seguidores, como pedras vivas neste edifício espiritual, numa
forte e encantadora simbologia, indicando a utilidade das pessoas na Igreja de
Cristo. Somos, portanto, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual a pedra
angular é o elemento essencial da nossa razão de ser e existir, o fundamento
sólido e seguro da referida construção.
O edifício
espiritual que é a Igreja subsiste ao longo dos tempos através dos sacerdotes.
Aqui fica fácil compreender nas sábias palavras do Papa Francisco, ao ordenar
dezenove (19) novos sacerdotes, na Basílica de São Pedro aos 26/04/2015,
exortando-os que com o batismo reunireis novos fiéis ao povo de Deus,
pedindo-lhes para nunca recusar o batismo àqueles que o pedem. Com o sacramento
da penitência perdoarão os pecados em nome de Cristo e da Igreja e, mesmo em nome de Cristo e da
sua esposa, a Igreja. o Papa suplicou-lhes igualmente para nunca se cansarem de
ser misericordiosos, reiterando que eles estarão no confessionário para perdoar
e não para condenar e que, sobretudo, deverão imitar o Pai que nunca se cansa
de perdoar.
Disse ainda o Santo Padre, que com o óleo santo, enfim, eles
levarão o alívio aos doentes e celebrando os ritos sagrados, eles serão a voz
do povo de Deus e de toda a humanidade, sugerindo-lhes, portanto, uma Igreja
despojada e servidora, sempre disponível para a missão, que no plano divino é o
mistério salvífico, sinal e presença do Reino de Deus, que os sacerdotes têm
que ter sempre diante de si o exemplo do Bom Pastor, a “Pedra que vós, os
construtores desprezastes e que se tornou a pedra angular” (cf. At 4, 11).
(*) Geovani Saraiva é escritor, blogueiro,
colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso,
Parquelândia.
Fonte: O Povo, de 3/5/2015. Espiritualidade. p.8.
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