Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
Desde
1960, alguns tratamentos ortodoxos (convencionais, oficiais) foram sendo
substituídos pela Medicina “alter”, outra, alternativa. Tal foi ensejado 1) por
seus eventuais para efeitos (colaterais, adversos), 2) pela validez discutível
de certas operações, 3) mercê da minguante empatia dos médicos (compreensão do
sofrimento alheio, compaixão), e 4) sobremaneira, pelo alto preço dos remédios.
Curiosamente
determinadas práticas alternativas, ou periféricas, foram legadas pela
ortodoxia chinesa, na aurora dos tempos.
Excetuaremos
os milagres, reportados neste espaço em 8/12/2010. Ainda movem montanhas para
quem tem fé, como nós. Isentemos também as crendices, folclóricas, e curemos
apenas dessas alternativas, sobressaindo a acupuntura. Outros métodos
compreendem a homeopatia, quiropraxia e osteopatia, o “shiatsu”, japonês,
fitoterapia, hipnose, naturopatia, bioenergética (1934), radiações ionizantes,
biofeedback (1958), aromaterapia.
A
acupuntura foi popularizada na China e no Japão no ano 479 a.C., juntamente com
a moxibustão. Consiste aquela na recepção ou liberação da energia corporal
mediante perfuração cutânea de 365 (ou 600) pontos especiais. Intenta-se
estimular fibras nervosas autônomas até o cérebro, retrocedendo ao órgão
doente, sanando-o. A Organização Mundial de Saúde estudou-a em 1979 a 2013,
comprovando sua eficácia em 28 ou 63 doenças (Folha de S. Paulo, 17/5/2015).
A
homeopatia do alemão Samuel Christian Freidrich Hahnemann (1755-1843) foi
fundamentada admitindo-se que afecções são curáveis com doses ultra diluídas da
mesma doença (“similia similibuscurentur”). As técnicas mecânicas ou
manipulativas das vértebras (quiropraxis) assim como a acupuntura e a
homeopatia foram oficialmente reconhecidas para o currículo universitário em
1990. Os nipônicos empregam a pressão digital em vez de agulhas. Modernamente,
é utilizado o laser.
A
fitoterapia (do grego “phyton”, planta) refere-se às ervas. No Oriente estas
eram conhecidas antes de Hipócrates, c.3000 a.C. e 700 estão mencionadas no
papiro de Ebers. Em 400 a.C. os chineses já referendavam 16.000. Recomendamos
nossos artigos “Chás.com” (10/4/2008) e “Vida, doença incurável?” (30/3/2011)
neste jornal. O termo “hipnose”, do grego “hipnos”, nos lembra Frans Mesmer,
embora criado pelo inglês James Braid em 1842 como sono induzido. Foi
praticada por Pavlov, Charcot e Freud, os quais logo acordaram para sua
ineficácia.
A
naturopatia é a alimentação mais a calistenia (exercícios físicos) saudáveis,
curando pela “vis medicatrix natura”. Os demais métodos continuam como
fisioterápicos de resultados nem sempre apreciáveis. Há muito, fazendo
colonoscopia, sobreveio-me forte dor no antebraço direito na abdução (rotação
externa) ou adução (giro para dentro). Era a epicondilite no úmero distal.
Falhando a acupuntura, curou-me a moxibustão, ou aquecimento dessa região com
folhas de artemisia, “camomila do campo”. Após uma única aplicação, a dor
abandonou-me, até hoje!
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 6/1/2016. p.8.
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