Por Daniele
Vasconcelos Fernandes Vieira (*)
Holismo deriva do grego holos que significa
ser inteiro, ser todo, onde o todo não se constitui pela soma das partes, mas
em cada parte se localiza o todo. O ambiente acadêmico é amplo, intenso e
fervilhante. Nascem desse universo, proposições e soluções para os problemas de
gestão das áreas sociais, de saúde, do direito e da segurança pública; para o
desenvolvimento científico e tecnológico e para o aprimoramento dos sistemas
político-econômico e judiciário.
É, em potência, um território onde
tudo pode ser cultivado e semeado. No entanto, ainda composto pela soma das
partes, fragmentado em sua conformação. É predominante a formação de um único
aspecto do ser, o qual trata do estímulo ao desenvolvimento intelectual.
Na visão global do holismo,
contudo, procura-se empreender na formação de pessoas mais seguras, íntegras,
éticas, confiantes, bem relacionadas, solidárias, fraternas e que aprendam a
superar situações conflitantes de modos saudáveis, imbricando a capacidade
lógica de resolução dos problemas e conflitos com o equilíbrio do ser,
integrando-o ao ambiente onde o mesmo está inserido.
Se nossa formação acadêmica
central não nos prepara e não nos motiva a exercer essas habilidades, onde
podemos busca-las, então? Onde estarão as pessoas, os conteúdos, os
equipamentos e materiais que possam dar suporte para esse aprendizado?
Essas perguntas têm sido
propulsoras para estudantes e professores caminharem no lado de fora das rotas
acadêmicas, em busca de estabelecer alinhamentos entre o crescimento
intelectual, que versa sobre o desenvolvimento cognitivo, e as inteligências
intuitiva, instintiva, espiritual, ecológica e social.
Vem com essas questões o grande
desafio acadêmico de integrar o conhecimento científico sobre o qual se
consolida a universidade ao autoconhecimento sobre o qual versa a experiência
do ser humano em todos os seus processos vividos. O paradigma holístico é uma
visão de mundo que pode ser prática e vivencial em todas as áreas do saber.
Pode-se considerar a academia como um ambiente propício para a implementação
desse sistema não-mecanicista e não-cartesiano. É, portanto, sábio pelas
potencialidades desse meio, entender que o ambiente acadêmico pode ser um
importante aliado para nos conduzir na construção do conhecimento holístico,
valorizando, assim, o pensamento educativo, humanista e transpessoal.
(*) Professora
do curso de Medicina da UECE e pesquisadora dos paradigmas emergentes em saúde:
bem-estar e qualidade de vida.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/1/2018. Opinião. p.10.
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