Foto Camila de Almeida
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"Viajo pelo tempo e pelo espaço/
Profundamente, mas sem rumo certo/ E vou gravando tudo num retrato/ Feito de
vozes e pequenos gestos/ Talvez de adeuses e pequenos restos" (Trecho do
poema “A Viagem”, de Horácio Dídimo)
O professor, escritor e poeta cearense Horácio Dídimo morreu na noite de
domingo, 2/9/18, aos 83 anos. Ele havia sido internado por problemas renais no
fim de semana e não resistiu. Nascido na capital cearense em 23 de março de
1935, o autor destacou-se na produção de poesia e também de literatura
infantil, área na qual se firmou como um dos mais importantes nomes do País.
Com formação em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e,
posteriormente, em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC), foi Mestre
em Literatura Brasileira (UFPB) e Doutor em Literatura Comparada (UFMG) com a
tese Ficções Lobatianas: Dona Aranha e as Seis Aranhinhas no Sítio do Picapau
Amarelo.
Fã declarado de Monteiro Lobato, o autor escreveu obras como O
Passarinho Carrancudo (2003), As Historinhas do Mestre Jabuti (2003), O Menino
Perguntador (2011), Historinhas Cascudas (2011), As Reinações do Rei (2012) e A
Escola dos Bichos (2012), todos publicados pela Editora Dummar. Na poesia,
lançou livros como Tempo de Chuva (1967), A Nave de Prata (1991), A Palavra e a
PALAVRA (2002), A Nave de Rubi (2006) e A Estrela Azul e o Almofariz (2012). Com
passagem por diversos colégios de Fortaleza, Horácio foi professor do
Departamento de Literatura da UFC, tendo deixado como legado uma atuação
múltipla, marcada por afeto e comprometimento. Atuou, em especial, nas
disciplinas de Literatura Brasileira e Literatura Infantil, ambas do Curso de
Letras.
O primeiro contato de Horácio Dídimo com o famoso escritor de Reinações
de Narizinho veio através dos pais como contou em entrevista ao O POVO em
4 de abril de 1998: "Quando eu era criança, meus pais me davam de
presente os livros do Monteiro Lobato à medida que eles iam sendo publicados.
Acompanhei a publicação de muitas obras até Os 12 Trabalhos de Hércules, que é
a publicação que está no final de sua obra. E me lembro que eu vinha do Colégio
Cearense, onde estudava, quando ouvi no rádio, em 1948, a morte do Monteiro
Lobato. Foi um choque pra mim porque foi como se tivesse perdido alguém da
família. Então desde esse tempo que tenho ligação com a literatura infantil e
principalmente com Monteiro Lobato", revelou, à época.
Horácio ocupava a cadeira 8 da Academia Cearense de Letras, cujo patrono
é Domingos Olímpio. Também foi membro da Academia Cearense da Língua
Portuguesa, da Academia Brasileira de Hagiologia, da Associação Brasileira de
Bibliófilos e sócio honorário da Academia Fortalezense de Letras. Na ACL,
ocupava o cargo de Secretário Geral Adjunto da atual diretoria e, na Bahia, foi
ainda membro correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris.
Fonte: O Povo, de
4/09/18. Caderno Vida & Arte, p.1.
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