Por Luiz Gonzaga Fonseca
Mota (*)
A governabilidade pode ser entendida pela qualidade intrínseca do
governante, significando a importância da tranquilidade política e
socioeconômica para que um governo possa desempenhar suas atividades básicas.
Em todos os tempos e sob qualquer regime, a governabilidade só alcançou sucesso
na medida em que se apoiou em princípios éticos. “O fim justifica os meios”,
conforme Maquiavel, não é uma atitude estratégica, mas uma conduta incorreta
que não leva uma sociedade a uma situação de justiça, nem se baseia na essência
da democracia. Nos dias atuais existem muitos países ditos democráticos; elegem
seus governantes, todavia, não apresentam uma sincera e clara harmonia entre os
aspectos éticos e de governabilidade. Esses países são subdesenvolvidos, estão
em fase de desenvolvimento ou, até mesmo, podem ser considerados desenvolvidos.
Acreditamos que eles fazem parte de um contexto que é a nova versão do
colonialismo primitivo e do imperialismo industrial, isto é, da globalização
perversa. Não é justo atender exigências monetárias e financeiras
significativas, deixando o povo desempregado, com fome, sem esperança, com
problemas de educação, saúde, violência, em função da falsa governabilidade. Os
dirigentes de tais países chegam a rejeitar a ética, muitas vezes prometida em
campanhas políticas, argumentando a necessidade da governabilidade.
Lamentavelmente, alguns governantes não sabem distinguir os dois conceitos. Por
sua vez, defendemos que ética e governabilidade caminhem juntas, buscando uma
sociedade politicamente aberta, soberana, de economia forte e socialmente
justa. A globalização deve ser analisada mais como um processo político e
cultural do que econômico. Por fim, voltamos a insistir: governabilidade e
atender às reais necessidades e carências do povo e não fazer concessões e
acordos que possam prejudicá-lo.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 29/3/2019.
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