Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Explosão demográfica é o súbito crescimento da população do mundo ou de
um determinado território ou região. O crescimento da população causa
preocupação quanto à disponibilidade de recursos ao aumento da violência.
Atualmente, a população mundial está estimada em 7,2 bilhões de pessoas.
Há dois mil anos, avalia-se que o número de
habitantes na Terra fosse inferior a 250 milhões de pessoas. Em 1650, o número
alcançou 500 milhões. Em 1850, o planeta atingiu a casa de 1 bilhão de pessoas;
em 1950, 2,5 bilhões; em 1987, 5 bilhões e, em 2010, quase 7 bilhões de
pessoas.
Diversos fatores são mencionados como causadores desse efeito, sendo que
o marco explicativo mais importante para o aumento do número de habitantes na
Terra é atribuído à Primeira Revolução Industrial. A partir do século XVIII e
da urbanização acelerada ocorrida nos países desenvolvidos e, mais recentemente,
nos subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Quando as mulheres tiveram direito à alfabetização
e acesso ao controle da natalidade o número de nascimentos amorteceu. Quando
passaram a ter direito a ocupar cargos e profissões reservadas ao sexo
masculino, a taxa de natalidade atingiu números bem menores. Até mesmo nos
países subdesenvolvidos mulheres das classes sociais menos afluentes têm duas
vezes mais filhos que as pertencentes à classe média...
O que mais
chama a atenção é que a correlação entre a emancipação
feminina e o controle da natalidade é um dos fatores menos mencionados, frente
à emancipação feminina, aliada ou não aos contraceptivos, à escolaridade, à
liberdade social, ao nível de desigualdade sexual, etc.
Na Espanha, em 1975, era raríssimo
encontrarem-se mulheres nas universidades e a taxa de natalidade por mulher era
em torno de 2,9 crianças. No ano 2000, 60% dos universitários eram do sexo
feminino a taxa de natalidade caiu para 1,12. Sem desejar entrar no mérito da
questão, onde foram aplicadas regras compulsórias de controle da natalidade,
como na China, a taxa de natalidade por mulher foi maior do que as verificadas
no ocidente (é de 1,8 agora).
Em países democráticos, observam-se taxas
espontâneas que são baixas, como na Suíça (1,46), na Itália (1,2), Grécia,
Rússia, Alemanha (1,35).
Nos países em desenvolvimento a mídia tem
sido uma grande arma para o controle da natalidade através de informação,
educação e alguma melhoria do contexto sócio-educacional, o que tem diminuído
as taxas de nascimento.
A população do Ocidente vai declinar na
segunda metade do século XXI e não podemos fazer muita coisa contra a fome e
violência causada pela hiperpopulação do restante do planeta. O fato é que
podemos controlar a natalidade pela emancipação feminina (direito à integridade
do seu corpo, direito ao aborto e direitos reprodutivos, incluindo o acesso à
contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres
contra a violência doméstica e o assédio sexual. Será que as feministas e os
machistas sabem disso?
O Feminismo é um movimento político,
filosófico e social que defende a igualdade de direitos entre mulheres e
homens. Ou partimos para ações positivas ou continuaremos para sempre na época
das ideologias.
É sempre bom relembrar: uma das maneiras de
combater a devastação do planeta pela superpopulação dos denominados Homo sapiens é a emancipação da mulher, não
especificamente ou exclusivamente através da eliminação do assédio que está
virilizando na mídia social e profissional, que na realidade ocorre em ambos os
sentidos. Um relato honesto desenrola-se melhor se feito, escrito, falado, sem
rodeios. “Sempre que liberamos uma mulher, libertamos um homem” (Margaret Mead - 1901-1978).
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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