Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Creio que a boa música é a voz da alma, como as flores semeadas no
coração de uma pessoa. Quando estou necessitando de força espiritual, ouço
belos “Cantos Gregorianos”, tais como: “Antífona Dixit Dominus”, “Hino Lucis Creátor”, “Toque do Ângelus”, etc, interpretados
por Monges Beneditinos e de Solesmes, dentre outros. Quanta tranquilidade
interior! Por sua vez, quando a melancolia e a saudade apertam, procuro ouvir
ícones da “Música Popular Brasileira”. Muitos sãos os bons compositores
brasileiros. Alguns, revelam-se de tal maneira talentosos que se incluem na
galeria dos nossos grandes poetas. Fica difícil apontar os melhores
compositores e também as melhores composições, sem correr o risco de cometer
injustiças. São muitos os músicos e letristas que, com suas canções, enchem as
nossas vidas de amor e de alegria. Com certeza cometo uma grande injustiça
quando me perguntam os três nomes de minha preferência e digo: Noel Rosa,
Lupicínio Rodrigues e Paulinho da Viola. Peço desculpas a todos os outros. Não
citei Pixinguinha, mas sei que “Carinhoso” é um clássico da
música mundial; não destaquei Cartola, cruel engano, pois “as rosas não falam
simplesmente exalam o perfume que roubam de ti”; não citei Caymmi, pois até
passaria a gostar de morrer no mar; esqueci o Lua, lamentável, sua “Asa Branca” é o hino do meu
Nordeste; não escolhi Orestes Barbosa, companheiro de Silvio Caldas com quem
assinou alguns dos mais belos versos do cancioneiro nacional como: “Tu pisavas
nos astros distraída”. Segundo Manuel Bandeira uma das mais altas criações da
poesia em língua portuguesa. De Noel, Lupicínio e Paulinho, lembro-me dentre
outras do meu “Último Desejo”, de “Nunca” pensar em “Vingança” e ter
“Argumento” para imaginar que “Foi um Rio que passou em Minha Vida”. Pergunto: Por quê os grandes
poetas e poetisas da música não ingressaram na ABL?
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte:
Diário do Nordeste, Ideias. 17/7/2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário