Os irmãos do Prof. Eilson Goes de
Oliveira, Suzana, Maria Amélia e Adbeel, como ele próprio, tinham verdadeira
veneração pelo pai. O Dr. Luís era um homem simples, mas nem por isso,
desprovido de classe. O porte ereto, o cuidado com a higiene e a indumentária,
aliados à sua retidão de caráter e à cultura, de que era possuidor, faziam com
que ele estivesse transitando, permanentemente, nos círculos sociais, entre
artistas e políticos da época. O caçula Eilson era sua companhia frequente.
Um belo dia, o menino, aos cinco
anos de idade, em meio a um evento político, na companhia do pai, subiu em uma
cadeira, e, interrompendo a algazarra dos homens presentes, iniciou um discurso
político em defesa do Senador Meneses Pimentel. E pasmem! Foi ouvido com
atenção, aplaudido e convidado para repetir seu discurso, para o próprio
senador, que o nomeou seu principal cabo eleitoral.
O certo é que o menino Eilson
nunca se distanciou do adulto, Dr. Eilson; em que pese ter sido um estudioso
sério e um cientista aplicado, a figura do menino jamais o abandonou, na
intimidade, com a galhofa, a generosa risada, e a molecagem sadia norteando a
sua vida e a dos seus irmãos.
Outro “causo” da infância
aconteceu no dia que o pai daquele moleque tão politizado levou-o a um comício
na Praça José de Alencar. O cantor Rui Ray era o responsável por animar a
plateia. Em um determinado momento, ele começou a gritar o refrão “are, are,
are...”, enquanto, num ponto da multidão, logo se formou uma nuvem de poeira. Foi
quando o Dr. Luís deu conta do menino Eilson, lançando areia para cima,
efusivamente. Perguntado porque fazia aquilo, ele respondeu convicto: – tô
jogando areia...; o cantor tá pedindo!
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames - Ceará
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres.
Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p. 13.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. O menino precoce. In: SOBRAMES –
CEARÁ. Pontos de vista. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2019. 352p.
p.229.
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