segunda-feira, 30 de junho de 2025

JUNHO: o mês do Coração que ama sem medidas

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Junho costuma ser lembrado pelas festas populares, suas cores, suas quadrilhas e sabores típicos que alegram o povo. Mas para nós, católicos, este mês tem uma beleza ainda mais profunda e silenciosa: ele é tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. E contemplar esse Coração é entrar no mistério mais íntimo de Deus, onde habitam a misericórdia, a compaixão e o amor sem medidas.

A devoção ao Sagrado Coração não é apenas uma prática antiga, nascida de revelações ou de imagens piedosas. É, antes de tudo, um caminho de encontro. Um encontro com o Coração de Cristo, que bate por cada um de nós com intensidade, paciência e ternura. Como jesuíta, formado à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, aprendi que conhecer Jesus é permitir-se ser tocado por esse amor que vem de dentro, que brota do Seu Coração aberto, transpassado na cruz, mas sempre vivo.

Esse Coração nos revela um Deus próximo, humano, que sofre conosco e por nós. Um Deus que não é indiferente à nossa dor. Quando olhamos para o Coração de Jesus, vemos ali um amor que não desiste, que não acusa, que não impõe condições. É um amor que se entrega, que acolhe e que transforma.

Vivemos tempos em que os corações se tornaram duros, apressados, feridos. Tempos em que a compaixão parece fraqueza e o silêncio virou escassez. Mas o Coração de Jesus continua sendo um convite à mansidão, à humildade, à escuta. Como Ele mesmo diz no Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29). Essa mansidão não é passividade, mas firmeza amorosa. Essa humildade não é fraqueza, mas liberdade de quem serve por amor.

No Sagrado Coração, encontramos a fonte da verdadeira consolação. Não aquela que mascara a dor, mas a que nos dá forças para enfrentá-la. Quantas vezes, em minha caminhada de fé, me vi diante Dele com mãos vazias, coração cansado, e encontrei abrigo. Porque esse Coração acolhe o pecador, o cansado, o perdido, o que caiu no caminho. E não apenas acolhe Ele caminha conosco.

Junho é, então, tempo de graça, tempo para escutarmos a batida desse Coração que pulsa incessantemente por nós. É um convite a nos deixar amar, curar, transformar. A fazer do nosso coração uma extensão do Coração de Jesus: mais compassivo, mais atento, mais entregue. O mundo não precisa de corações perfeitos, mas de corações disponíveis, capazes de amar como Ele ama.

O Sagrado Coração de Jesus continua aberto. Aberto por amor. E esperando que também abramos o nosso.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 28/06/2025. Opinião. p.18.

domingo, 29 de junho de 2025

JEAN CRISPIM RIBEIRO: reforço da Turma Dr. José Carlos Ribeiro na Academia Cearense de Medicina

Francisco Jean Crispim Ribeiro nasceu em Fortaleza-Ceará, em 22 de agosto de 1953, sendo o primogênito e único homem dos quatro filhos do casal Francisco Ribeiro Lima e Isabel Crispim Ribeiro.

Aos cinco anos de idade, começou seus estudos no então Ginásio 7 de Setembro, dirigido pelo notável educador Edilson Brasil Soárez, cursando do Jardim de Infância até concluir o curso Primário. Prestou exame para o Colégio Militar de Fortaleza (CMF), sendo aprovado em 1965. No CMF fez o ginásio e até o segundo ano científico, transferindo-se para o Colégio Cearense Sagrado Coração, dos Irmãos Maristas, onde concluiu o último ano do científico em 1971.

A razão dessa transferência foi a sua decisão de desistir da carreira militar por se sentir vocacionado para ser médico, e, para tanto, tornava-se necessário buscar o aprendizado em uma instituição educacional que preparava candidatos para concorrer, em condição potencial de aproveitamento, ao disputado exame vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC), no qual o acesso às vagas em Medicina era particularmente muito difícil, tanto pelo tamanho como pela alta qualidade da sua concorrência.

Além de certificar a conclusão do Científico, o curso era direcionado aos vestibulares para ingresso ao ensino superior, e firmava uma saudável concorrência com os “Cursinhos” pré-vestibulares existentes na praça de Fortaleza. Jean Crispim, como reconhecimento dos seus méritos, obteve bolsa de estudo integral que lhe foi ofertada pelo Prof. Plinio de Sá Leitão, um dos diretores do “Cursinho” do Cearense e grande cultor do vernáculo.

O “Cursinho” do Cearense, assim chamado, era considerado, nos anos setenta, o mais exitoso dos cursos preparatórios ao Vestibular sediados em Fortaleza. Em 1971, possuía duas salas reservadas a candidatos da Medicina, e dada à formação auferida no CMF, ele ficou na turma M1, a de maior nível de conhecimento e de rendimento em aprendizagem.

Paralelamente, ao tempo da sua formação escolar, Jean Crispim cursou o Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU) até o nível T4, obtendo assim um bom domínio da língua inglesa.

Em janeiro de 1972, com a intenção de cursar Medicina, prestou vestibular para a área de Ciências da UFC, logrando 186 pontos em 270 possíveis, tendo sido aprovado em ótima classificação, que o permitia optar por quaisquer dos cursos dessa área, e o possibilitando preencher a sonhada matrícula na graduação de sua vocação – a Medicina, conquista usualmente festejada mais por seus familiares, e, naturalmente, por ele próprio.

Essa vitória, contudo, poderia ser ilusória, pois a escolha baseada na ordem do resultado do vestibular era apenas um indicativo de opção inicial, cabendo a definição efetiva do curso ao rendimento final dos alunos durante o Ciclo Básico. A inditosa e malfadada experiência da UFC ensejara a criação de um clima de competição permanente entre os universitários e a formação de certas “associações” espúrias, desde que os componentes não se vissem como concorrentes.

Jean Crispim iniciou, em março de 1972, o Ciclo Básico, recém-criado pela Reforma Universitária (da qual sua turma foi cobaia). Foi um tempo difícil, pois precisou garantir a vaga conquistada no vestibular de 1972.1, para o curso de Medicina novamente, o que foi conseguido com muito empenho e estudos ao longo do semestre letivo.

Além das disciplinas da grade curricular da graduação, ele procurou realizar estágios e outras atividades que considerava relevantes para a formação médica. De saída, no terceiro ano do curso, entrou no Projeto Acadêmico Pacatuba, uma atividade de extensão universitária do Departamento de Saúde Comunitária, no qual por dois anos coordenou o setor de vacinação; no quarto ano da graduação, foi durante um ano monitor voluntário de Patologia, junto ao Departamento de Patologia e Medicina Legal.

Como a UFC não possuía serviços de urgência e emergência, buscou superar essa carência, cumprindo estágio no Instituto Dr. José Frota, durante os 4º e 5º anos de Medicina, na equipe “H”, chefiada pelo Dr. Gilberto Sobral, em escala de plantões aos domingos.

Foi de especial relevância para a sua formação médica o estágio no Serviço de Coloproctologia da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, a partir do 4º ano de Medicina até o final do curso. Dessa vivência com o Prof. Pedro Henrique Saraiva Leão, sentiu-se motivado a exercer a cirurgia como futuro campo de trabalho.

Optou por fazer o Internato no Hospital Geral de Fortaleza, por ser um hospital mais moderno e dotado de bons serviços de várias especialidades cirúrgicas, tocado por um corpo clínico da melhor qualidade técnica daquela época na capital cearense.

Jean Crispim, ao término da graduação em 23/12/1977, fora bem-sucedido no processo seletivo que permitiu realizar a sua Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da UFC, tendo prosseguido seus estudos e treinamento com vistas a exercer a coloproctologia, especialidade que abraçou com afinco e nela vem se destacando entre os de maior talento, condição reconhecida entre colegas e usuários, mercê de seus inegáveis méritos pessoais.

Mesmo tendo chegado à idade em que muitos se “acomodam”, em parte por decorrência das obrigações provedoras e dos encargos de educação familiar, Jean Crispim não titubeou ao enfrentar o desafio de voltar aos bancos escolares para perseguir a obtenção do diploma de mestrado, título aliás que não lhe conferiria qualquer vantagem pecuniária e também não era motivado pela busca de “status” ou mero sentimento de vaidade, dado que fora emulado pelo desejo maior de aprender e de melhor compreender a Arte Médica.

Nesse tocante, com quase 20 anos de formado, foi admitido no Mestrado de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFC, concluído com a dissertação “Análise da resposta inflamatória comparando os fios poligliconato e polipropileno em anastomose de cólon de ratos”, elaborada sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Sérgio Pinheiro Regadas, defendida em 1998.

É autor dos seguintes capítulos de livros: Cap. 63.3 – Opções Técnicas no Tratamento Cirúrgico da Doença diverticular. In: Tratado de Coloproctologia; Cap. 32 – Doença Diverticular. In: Gastroenterologia e Hepatologia; e Cap. 30 – Hemorragia Digestiva Baixa. In: Fundamentos da Cirurgia Digestiva.

A sua atividade profissional foi quase totalmente exercida no HUWC da UFC, no qual foi cirurgião da emergência, depois médico assistente do Serviço de Coloproctologia e preceptor da Residência Médica dessa especialidade. Também cumpriu a função de cirurgião de urgência no Instituto Dr. José Frota por cerca de 18 anos, cargo que renunciou para dispor de mais tempo de dedicação ao HUWC, do qual já se encontra aposentado, após 38 anos de serviço, tendo sido homenageado pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFC em 2006.

Dr. Jean Crispim é membro titular das seguintes associações médicas: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; Colégio Brasileiro de Cirurgiões; Sociedade Cearense de Coloproctologia – foi Presidente desta associação na gestão de 1983-1987; e Sociedade Cearense de Cirurgia. Participou como membro fundador da Regional Norte-Nordeste de Coloproctologia, criada no Congresso Brasileira de Coloproctologia em Fortaleza em 1982o Foi membro do Conselho Consultivo da Unimed Ceará.

Hoje, decorrido quase meio século de graduado, o Dr. Jean Crispim ainda exerce a vida profissional apenas na clínica privada, atendendo pacientes particulares e de convênios, tendo, ao seu lado, jovens cirurgiões que o introduziram na cirurgia videolaparoscópica e robótica.

Do seu enlace matrimonial com a engenheira civil Maria José Lopes Ribeiro, foram gerados os filhos: Lucas Lopes Ribeiro (psicólogo e músico), Lívia Ribeiro Duncan (psiquiatra em São Paulo) e Lise Lopes de Miranda (pediatra e professora da Unifor). O casal foi enriquecido pela chegada das três queridas netas Marias (Lúcia, Duncan e Teresa).

O harmonioso casal Jean & Mazé cultiva bens e valores espirituais, tendo participação regular em eventos conduzidos na comunidade carismática católica e na Sociedade Médica São Lucas.

O Acad. Francisco Jean Crispim Ribeiro foi empossado na Academia Cearense de Medicina (ACM), em 22/03/2024, na Cadeira 4, patroneada por médico Manuel do Nascimento Fernandes Távora, e por último ocupada pelo Acad.  José Eduardo de Carvalho Gonçalves, prematuramente falecido em 8/06/2023, sendo recepcionado, na ocasião, pelo confrade César Silva Pontes.

Com a admissão do confrade Jean Crispim, a ACM passa a contar com sete concludentes da valorosa Turma Dr. José Carlos Ribeiro, dos médicos formados pela UFC em dezembro de 1977, ratificando a forte presença de colegas oriundos de uma mesma coorte médica.

Cons. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Membro titular da ACM – Cad. 18

* Publicado In: Jornal do médico digital, 21(192): 13-17, junho de 2025. (Revista Médica Independente do Ceará).


Fatos curiosos sobre os gatos V

25. As garras das patas traseiras dos gatos não são afiadas como as dianteiras porque elas não se retraem e, consequentemente, sofrem desgaste.

26. No Antigo Egito, quando morria um gato de estimação, os membros da família demonstravam seu luto raspando as sobrancelhas. Eles também realizavam elaborados funerais durante os quais bebiam vinho e batiam no peito. O gato era embalsamado e recebia uma máscara mortuária esculpida em madeira. A pequena múmia era colocada no mausoléu da família ou em um cemitério de animais, junto com pequenas múmias de camundongos.

27. A maioria das gatas dá à luz uma ninhada entre um e nove gatos. A maior ninhada já registrada foi de 19 gatinhos, dos quais 15 sobreviveram.

28. Um gato possui cerca de 12 fios de bigode de cada lado da cara.

29. Os gatos têm 230 ossos no seu corpo. Os humanos têm 206. Os gatos não têm clavícula, portanto, eles entram em qualquer lugar por onde passe sua cabeça.

30. Os gatos passam quase 1/3 dos momentos em que estão acordados se limpando e se arrumando.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Fatos curiosos sobre os gatos IV

19. Quando o gato caça a sua presa, ele mantém sua cabeça nivelada. Cães e humanos levantam e baixam a cabeça.

20. Um gato não pode descer de uma árvore de cabeça pra baixo porque todas as suas garras são de "mão única", ou seja, foram feitas para ele se firmar nas superfícies para subir, mas não para descer. Os gatos só conseguem descer de árvores ficando de frente para elas.

21. O cérebro de um gato é biologicamente mais semelhante ao cérebro humano do que o do cão. Ambos possuem idênticas regiões no cérebro responsáveis pelas emoções.

22. A audição do gato é melhor do que a do cão. E o gato pode ouvir sons de alta frequência até duas oitavas mais altas do que o ouvido humano.

23. Um gato pode andar à velocidade máxima de 49km/hora em uma distância curta.

24. O gato se esfrega nas pessoas não apenas para demonstrar afeição, mas também para demarcar seu território com as glândulas de feromônios que ele possui em volta de sua cara, cauda e patas. Assim, ele sabe que você é "propriedade dele".

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Fatos curiosos sobre os gatos III

13. Existem mais de 500 milhões de gatos domésticos no mundo, com aproximadamente 40 raças reconhecidas.

14. Os gatos são os animais de estimação mais populares na América do Norte: existem 73 milhões de gatos e 63 milhões de cachorros. Por volta de 30% dos lares norte-americanos têm um gato.

15. Durante a Idade Média, os gatos eram associados à pratica de feitiçaria, e, na noite de São João, em toda a Europa, muita gente enfiava uma porção de gatos em sacos e os atiravam às fogueiras. Em dias santos, as pessoas celebravam jogando gatos do alto das torres das igrejas.

16. Alguns gatos sobrevivem a quedas de alturas de até 20 metros devido, principalmente, ao seu "reflexo corretivo". Os olhos e os órgãos do equilíbrio no ouvido interno informam quando o gato está no ar, de forma que ele possa cair sobre suas patas. Mesmo gatos sem cauda possuem esta habilidade.

17. Em média, os gatos passam 2/3 do seu dia dormindo. Isto significa que um gato com nove anos esteve acordado apenas três anos da sua vida.

18. Diferente dos cães, gatos não gostam de doces. Cientistas acreditam que isso se deve a uma mutação em algum receptor-chave do paladar.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 28 de junho de 2025

Fatos curiosos sobre os gatos II

7. A visão dos gatos é melhor e pior do que a dos humanos. É melhor porque eles podem ver com pouquíssima luz e têm visão periférica maior. É pior porque eles não veem cores tão bem como os humanos. Cientistas acreditam que a grama tem a cor vermelha para os gatos.

8. A habilidade dos gatos para encontrarem seu caminho para casa é chamada de "viagem-psi". Especialistas acreditam que os gatos os gatos utilizam os ângulos da luz solar para encontrar seu caminho ou que eles possuem células magnetizadas no seu cérebro, que agem como bússolas.

9. A mandíbula dos gatos não se move para os lados. Portanto, eles não podem mastigar grandes porções de comida.

10. Todos os anos, cerca de quatro milhões de gatos são comidos na Ásia.

11. As gatas tendem a ser destras enquanto os gatos são, mais frequentemente, canhotos. É interessante, pois enquanto 90% dos humanos são destros, os restantes 10% dos canhotos também tendem a ser do gênero masculino.

12. Gatos produzem cerca de 100 sons diferentes. Cães fazem apenas 10.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Fatos curiosos sobre os gatos I

1. Os pesquisadores não têm certeza de como os gatos ronronam. A maioria dos veterinários acredita que os gatos ronronam fazendo suas pregas vocais vibrarem na garganta. Para tanto, um músculo na laringe abre e fecha a passagem de ar cerca de 25 vezes por segundo.

2. Enquanto em muitas regiões da Europa e América do Norte gatos pretos são considerados sinal de azar, na Grã-Bretanha e Austrália, eles são considerados talismãs de boa sorte.

3. De acordo com uma lenda judaica, Noé rezou a Deus, pedindo proteção para que os alimentos que ele tinha armazenado na arca não fossem comidos pelos ratos. Como resposta, Deus fez o leão espirrar, e daí, surgiu o gato.

4. O Profeta Maomé amava gatos e, dizem, seu gato favorito, Muezza, era um de pelo brasino. Reza a lenda que os gatos brasinos têm um "M" de Mohamed nas suas cabeças por ser ali que o Profeta, muitas vezes, descansava a sua mão.

5. Gatos detestam água porque seu pelo não isola bem quando está molhado. O gato Van da Turquia, entretanto, é uma espécie que gosta de nadar. Originário da Ásia central, sua pelagem possui uma textura especial que a torna resistente à água.

6. O Profeta Maomé amava gatos e, dizem, seu gato favorito, Muezza, era um de pelo brasino. Reza a lenda que os gatos brasinos têm um "M" de Mohamed nas suas cabeças por ser ali que o Profeta, muitas vezes, descansava a sua mão.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

30 FATOS CURIOSOS SOBRE OS GATOS

Com toda certeza, os animais mais populares da Internet são os gatos. Todos os dias são registradas cerca 100 milhões de visitas a vídeos e fotos de gatos. Eu faço parte desse número, afinal eles são peludinhos adoráveis, fofinhos, engraçados e parecem sempre levar-se muito a sério. Talvez seja por isso que eles passaram de animais odiados e associados a bruxarias aos bichinhos de estimação mais populares na América do Norte e, quem sabe, no mundo. Nós adoramos vê-los, brincar com eles e viver em sua companhia, mas quanto você sabe sobre o seu gato? Seja você um expert ou meramente curioso acerca do mais curioso dos animais, confira essa interessante lista de fatos sobre gatos!

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


sexta-feira, 27 de junho de 2025

Defesa de Dissertação de Mestrado em Oncologia (ICC) de Tânia Machado Pedrosa

Aconteceu na manhã de quinta-feira (26/06/25), de forma remota, no Auditório Dr. Lúcio Alcântara do Hospital Haroldo Juaçaba, mais um a Defesa de Dissertação do Mestrado Acadêmico em Oncologia (MAOn) do Instituto do Câncer do Ceará.

A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Marcelo Gurgel Carlos da Silva (Orientador), Alano o Carmo Macedo (Membro Externo), Flávio da Silveura Bittencourt (Membro Interno), e aprovou a DissertaçãoAVALIAÇÃO DOS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E QAULIDADE DE VIDA DE FAMILARES DE PACIENTES ONCOLÓGICOS INVESTIGADOS PARA SINDROME DE PREDISPOSIÇÃO AO CÂNCER NO CEARÁ, apresentada pela mestranda Tânia Maria Braule Pinto Machado Pedrosa.

Participei da defesa na condição de orientador da mestranda, que foi a minha terceira orientada desse programa.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor do MAOn/ICC


FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 842

Abro a coluna com o mel de Frei Damião.

o mel de Frei Damião

Fausto Campos sempre passava pela BR-232, entre Serra Talhada e Custódia, em Pernambuco. Na beira da estrada, vendedores ofereciam o melhor mel do mundo, o mais puro. Um dia, resolveu levar uma garrafa. Perguntou: "o mel é puro"? O vendedor: "o mais puro do mundo". Fausto arrematou: "pois vou levar esse mel para o Frei Damião". O vendedor apressou-se a esclarecer: "doutor, é melhor não levar esse pote. Quem tirou esse mel foi meu irmão e ele gosta de juntar um pouco d'água no mel para render mais. Desculpe. Na próxima vez, o senhor vai levar um mel 100% puro. Agora, só se o senhor quiser levar esse pro senhor. Mas pro Frei Damião, de jeito nenhum".

(Historinha enviada por Delmiro Campos, filho de Fausto).

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/404204/porandubas-n-842

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Convite: RELANÇAMENTO DO LIVRO MARIO RIGATTO DE HELENA PITOMBEIRA

A Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES) convida para o relançamento do livro Mario Rigatto: vida e legado de um professor de medicina”, de autoria da Profa. Dra. Maria Helena Pitombeira. (Vide convite).

A apresentação será conduzida pelos acadêmicos Plínio Câmara, que falará sobre o biografado, e Marcelo Gurgel, que discorrerá sobre a obra.


TARDE NA GAUDINCHA

A Bete e Ricardo Bezerra

Fui convidado, na última sexta-feira, a tomar parte em uma reunião à tarde na Gaudincha, residência que o professor, arquiteto e compositor Ricardo Bezerra e a sua mulher Bete mantêm na Cidade 2000. O convite logo mexeu com a minha memória: uma fotografia aérea em preto-e-branco tirada no ano de 1970 do novíssimo bairro, com suas mínimas casas arranjadas num xadrez cartesiano, marcado pelos cheios e os vazios, e sua praça central, cujo desenho lembra a derretida taça Jules Rimet, o famoso caneco, ganho pela Canarinho no Tri do México na mesma data. Miesiano de carteirinha e já avisado sobre o que iria encontrar, preparei-me para não gostar e botar defeito, como todo arquiteto metido (e há outro tipo?). O certo é que ganhei uma das melhores aulas da vida.

Depois de acionar um chocalho que serve como campainha, fui calorosamente recebido pelo meu anfitrião e por alguns colegas e amigos que já lá estavam. O térreo é ocupado pelo atelier de um pintor, cujos trabalhos são muito coloridos e movimentados. A casa se organiza espacialmente em torno de um núcleo hidráulico, uma torre de banheiros e caixa d'água. Subimos por uma escada tortuosa revestida com lascas de cerâmica. Só então compreendi a razão de ser do nome da morada: uma homenagem a Antoni Gaudí (1852-1926), arquiteto catalão, autor de obras célebres que marcam a paisagem de Barcelona, e a Manoel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha (1933 - 1983), grande jogador, famoso pela imprevisibilidade dos seus dribles, condição essa presente na casa.

Chegamos a uma varanda agradável voltada ao sul. Já nos aguardava um belo bule de café forte e quente, além de uma quituteira com tapiocas de coco de receita tradicional. O volume central estabelece à sua volta espaços com usos diversos, onde se pode trabalhar, comer, dormir, conversar ou curtir a vista das dunas da Praia do Futuro. Móveis e objetos retrô (sorry, tricolores) voltam à vida através da generosidade dos donos da casa. Enquanto batíamos papo, descobri ou imaginei que a Gaudincha era um jardim vertical de trepadeiras floridas que, na sua escalada, definia mil platôs (merci, Deleuze e Guattari) habitáveis. Um teto-jardim, descoberto e aberto para os lados, nos presenteou com jabuticabas e bananas-passa. Vizinha, a cidade do capital, feia e previsível, com suas luzes.

Resumo da ópera: um banho de simplicidade e sabedoria na construção de um ambiente doméstico. Casa com cara de casa, com a personalidade dos seus moradores, e não uma máquina de morar, branca e anódina, como naquele filme do Jacques Tati. Na despedida, a caminho do bar, eu e o Ricardo já tínhamos sobre as nossas cabeças as primeiras estrelas da noite. No percurso, pensei de mim para comigo: "A casa é de quem a habita. Por que os arquitetos gostam tanto de determinar o morar alheio?". Na morada que acabara de visitar, o verde dialogava com a tapioca que por sua vez indagava a escada que levava aos aposentos que se comunicavam com o céu. O material e o imaterial interligados. Lá não havia fronteiras, apenas continuidades. Viver ali só pode ser bom demais.

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/05/25. Vida & Arte. p.2.

ELMANO, UECE E 2026

Por Vicente Brazil (*)

Ao ler nos jornais de grande circulação da cidade, as justificativas do governador para não solucionar a histórica carência docente da Uece, não fico surpreendido em nada, uma vez que, a redução dos múltiplos problemas que a ausência de professores nas salas de aula do ensino superior cearense causa, ao aspecto meramente financeiro — sintetizado pela cifra de R$ 69 milhões na folha do estado — é algo tão neoliberal quanto conservador. Porém, tudo fica muito mais contraditório ao lembrar que esse foi o governador eleito em primeiro turno na plataforma do governo federal, que lida com os valores destinados à educação como investimento, e não gastos.

Bem, não sou conselheiro de ninguém, mas acredito que posso apresentar alguns argumentos a serem considerados nesse debate público. Sou apenas um docente da maior graduação de filosofia do Brasil. Sim, não há neste país departamento quem fomente mais a formação de futuros professores de filosofia que as graduações em filosofia da Uece. Este, que é o mais antigo curso de filosofia do nosso estado, é também um dos cursos fundantes da própria Universidade Estadual do Ceará, e por isso, merece respeito e consideração, que se materializem em ações que promovam a reestruturação de nosso corpo docente e a recomposição salarial.

É necessário lembrar que a nossa Uece é a instituição de ensino superior que tem maior oferta de vagas/cursos noturnos no Ceará. Esse tipo de comprometimento com a classe trabalhadora está na missão e na visão da nossa instituição, por isso, tudo o que se fizer para o fortalecimento do magistério superior não pode ser avaliado como um peso para o estado, e sim, como uma oportunidade de reconhecimento dos docentes que são responsáveis pela formação dos professores, que tem feito da educação básica do Ceará uma referência para todo o Brasil.

Por fim, é justo registrar o papel fundamental que o "cinturão crítico" das universidades, em especial a Uece, tem desempenhado nas últimas eleições. Nunca é demais lembrar, 2026 é logo ali.

(*) Professor da Uece. Doutor em Filosofia.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/05/25. Opinião. p.22.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

A ENFERMAGEM E O RISCO DA QUARTEIRIZAÇÃO

Por Martinha Brandão (*)

Nos últimos anos, a enfermagem tem sido alvo de um processo cada vez mais acelerado de precarização. A terceirização por meio de organizações sociais, contratos temporários e cooperativas tem minado direitos históricos da categoria, enfraquecendo a segurança e a estabilidade desses profissionais que são fundamentais para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, assistimos ao avanço de uma forma ainda mais perversa de exploração: a quarteirização.

Essa prática vem se espalhando por diversos municípios do Ceará e, de forma alarmante, até em unidades geridas diretamente pela Secretaria da Saúde do Estado. Nesse modelo, uma organização social é contratada para administrar uma unidade de saúde e, por sua vez, subcontrata uma cooperativa para fornecer profissionais de Enfermagem.

Muitas dessas cooperativas não asseguram sequer os direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º salário, FGTS, adicionais de insalubridade e noturno. Essa forma de contratação fere a legislação trabalhista e desvirtua o verdadeiro espírito do cooperativismo, que deveria ser baseado na colaboração e não na exploração.

A precarização da enfermagem não impacta apenas os trabalhadores. Ela compromete diretamente a qualidade do atendimento à população. Profissionais sobrecarregados, inseguros e sem garantias são impedidos de exercer suas funções com excelência. Casos como o de trabalhadoras grávidas obrigadas a atuar em ambientes insalubres exemplificam o grau de descaso e retrocesso que essa prática representa.

A Justiça do Trabalho já reconheceu a existência de fraudes em contratos envolvendo cooperativas atuantes em vários municípios cearenses. Mesmo com essas decisões, a Sesa tem mantido a prática, inclusive em hospitais estratégicos como o novo Hospital Universitário. Há indícios sérios de que uma das cooperativas contratadas possui histórico de condenações trabalhistas, o que agrava ainda mais a situação.

Diante disso, é urgente que o governo estadual reveja essas contratações e adote políticas públicas que valorizem de fato os profissionais da saúde. A realização de concursos públicos é o caminho mais justo e eficaz para garantir estabilidade, dignidade e qualidade no serviço prestado à população.

A enfermagem é a espinha dorsal do SUS. São esses profissionais que asseguram a continuidade do cuidado, com conhecimento, coragem e compromisso. Explorar essa categoria é comprometer a saúde pública como um todo. O Sindsaúde Ceará seguirá firme na luta por respeito, valorização e direitos.

Convocamos a sociedade a se unir contra essa ofensiva. A dignidade desses profissionais não pode ser negociada. Precisamos estar ao lado de quem cuida da sociedade todos os dias.

(*) Dirigente do Sindsaúde Ceará. Graduada em Serviço Social

Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/06/2025. Opinião. p.17.


UM LIVRO DE GILLES DINIZ

Por Izabel Gurgel (*)

"São tantas as histórias escondidas nos lugares, também nas pessoas, como se guardadas em conchas fechadas. Às vezes, deixam, por deslize, que um corpo estranho adentre seu universo e nele faça nascer uma pérola."

Tomara que você também leia "Nomes de Terra". Li e reli o livro de Gilles Diniz. Antes, ouvimos parte dele à mesa de uma das nossas rotas literárias em curso na biblioteca do Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri.

Com "Nomes de Terra", Gilles Diniz inscreve Faia e Pedra no mapa e no dicionário de lugares ficcionais que nós, criaturas leitoras, incorporamos. Bonita composição, memória e criação literária, na cozinha do tempo.

Na pequena Faia, cidade às margens da linha férrea, o narrador é iniciado no jogo da vida, cujas regras só se conhece jogando. "Aqueles anos passados com vovó foram como uma era inteira de aprendizados sobre o mundo".

Entramos na cidade, e no livro, pelo aroma do qual o narrador sente saudades. Vem da cozinha e toma conta da casa, "como uma presença". A avó, um abraço onde "poderia morar para sempre", faz bolo "com uma delicadeza que só os devotos têm por suas divindades". Além do cheiro, o ruído das conversas, inclusive de quem chega como quem nada quer. É possível chegar sem nada querer a uma casa com bolo saindo do forno?

A casa é quase rua. O bom-dia desliza calçada adentro, feito um gato. O narrador é forjado como a avó constrói, uma a uma, as flores de confeito. Maneja o fazer e a aplicação do artifício que, no caso do bolo, finda no céu da boca, um dos paraísos no corpo, ali onde a língua toca. Em Faia, a língua é treinada como um cão. Passeio e caça. Doméstica e devastadora como uma faca.

Depois de Faia, o lugar das primeiras sensações e palavras, a mudança para Pedra, onde tudo que é, canta. A ariramba-de-cauda-ruiva, o rio Itaytera, a chapada outrora fundo do mar. E a memória recriando Faia como um bordado a quatro mãos, o neto e a avó.

"Nomes de Terra" guarda uma descoberta do mundo e sua invenção pela linguagem. Um livro de formação. Leitor das mil e uma noites de Sheherazade que a avó conta de ouvir no rádio, dos silêncios do avô ao crepúsculo, do espanto no cotidiano - bonito e perverso, o narrador enlaça Faia e Pedra como notas musicais em uma sonata. Tudo conta: "Onde quer que se vá é preciso buscar a beleza, o ímpeto de vida".

Livro de viagem, caderno de campo de caminhante. "O livro de Gilles é para ser lido e degustado como um caramelo que se deixa dissolver, sem pressa, na boca. É um dos melhores textos que tenho lido ultimamente", diz José Flávio Vieira no prefácio.

Gilles Diniz é do Ceará. O livro, uma publicação da Urutau, de 2024. Em Fortaleza, tem na Substânsia, à entrada do cinema no Dragão do Mar. Indico o livro e a livraria. Pra seguir na invenção do lugar onde se vive.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/05/25. Vida & Arte, p.2.

terça-feira, 24 de junho de 2025

FAÇA UMA DECLARAÇÃO COM AMOR

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Até o dia 30 de maio, milhões de brasileiros temos um compromisso com o chamado Leão da Receita Federal. Para muitos, um verdadeiro martírio. Para outros, mais uma chateação e trabalho. Para todos, uma nova maneira de praticar caridade.

A parcela da população que ainda não entregou sua declaração deste ano, continua tendo a chance de canalizar parte do imposto devido para ajudar a quem atende as pessoas idosas.

As instituições filantrópicas que trabalham com esse público, como a Santa Casa de Fortaleza, são sempre carentes de recursos de toda ordem, e aqui surge mais uma oportunidade para que as ajudemos, desta feita sem precisar disponibilizar novos recursos, mas utilizando parte dos valores que deveríamos recolher ao Leão.

Em linhas gerais, na declaração de ajuste, cada cidadão ou cidadã tem o direito de destinar até 3% do imposto devido, para o fundo de apoio aos idosos, o que pode ser feito de uma forma muito simples.

Preenchida a declaração, basta utilizar a aba Doações Diretamente na Declaração para destinar até aquele limite para o Fundo da Pessoa Idosa. Esse valor já aparece no próprio formulário. Agora indique o Estado, o Município e o valor até o limite indicado.

Encaminhada a declaração, deve-se emitir os respectivos DARFs para pagamento até o dia 30.5.25, valendo lembrar que, havendo imposto a pagar, esse valor será deduzido da parcela ou das parcelas seguintes. No caso de imposto a restituir, o valor será acrescido ao valor da restituição, ficando assim caracterizado que não há, de fato, desembolso adicional

Junto ao comprovante do pagamento, basta encaminhar à instituição uma Carta de Destinação, que pode ser facilmente encontrada no site da Santa Casa de Fortaleza (santacasace.org.br/imposto-de-renda/).

Esses recursos serão utilizados para manter em funcionamento serviços tão importantes para essa etapa específica da vida humana e que requerem esforços cada vez maiores por parte das instituições que a elas se dedicam diuturnamente.

Pronto. Você fez sua declaração com amor e ajudou muita gente. No caso da Santa Casa, a continuar salvando vidas, como o faz há 164 anos.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/05/25. Opinião. p.20.


UNIVERSIDADE PARA TODOS?

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Manchete recente deste jornal foi: motivo de alegria para o Ceará: "24.403 alunos da rede pública ingressaram no ensino superior em 2024" (O POVO, 30/4/2025).

Para além do sucesso individual de cada jovem que alcançou esta aspiração, vale registrar a associação de tal fato à melhoria da educação em nosso estado, construção iniciada há algumas décadas.

Se a Constituição assegura que a educação é "direito de todos e dever do Estado e da família" (art. 205), apenas a educação básica é "obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade" (art. 208, I).

O "acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística" varia "segundo a capacidade de cada um" (art. 208, V). Noutras palavras, o ensino superior ainda não é um direito constitucional de todos.

Embora o Brasil tenha uma rede de educação superior com grande capilaridade, a distribuição desta oferta ainda é desigual em virtude de vários condicionantes históricos e correntes.

Hoje o Ceará, conta com uma rede pública de ensino superior robusta composta por universidades federais e estaduais distribuídas por todo nosso território.

A expansão da Universidade Aberta do Brasil (UAB), modalidade de educação superior à distância, viabilizará a ampliação significativa deste nível de ensino no Estado.

Em todo o mundo, o acesso à universidade costuma ser um sonho compartilhado pela juventude. Completada a escolaridade obrigatória, a maioria dos egressos tem expectativas de ascender ao ensino superior, embora nem sempre esta possibilidade esteja dada para todos, por razões individuais e de políticas públicas de educação.

A trajetória da educação cearense nas últimas décadas representa um passo significativo na construção das expectativas dos jovens.

Se, no passado, a educação superior era um sonho distante, hoje este se materializa em possibilidades concretas. A expansão da escolaridade para amplas camadas da população é um passo decisivo para um desenvolvimento pautado pela inovação e melhoria da qualidade de vida da população cearense. Viva!

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/05/25. Opinião. p.18.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

A PRIMEIRA MORTE

Por Saraiva Junior (*)

Tenha a certeza de que está ficando velho quando começar a ouvir dos seus filhos, com certa recorrência, a seguinte frase: “De novo a mesma história!”. Nessas ocasiões, em geral, sua companheira corrobora: “Mais uma vez a mesma lenga-lenga!”. Tenha calma, pois essas serão apenas as primeiras restrições impostas aos velhos com o manto da convivência, temperada pela indelicadeza, a ironia e o mau humor.

No meu caso, lembro que, quando criança, às vezes dizia para mamãe, em tom de aborrecimento, que papai repetia muito algumas histórias. Ela logo o defendia, ressaltando que ele costumava acrescentar algo novo ao narrar aquelas que pareciam as mesmas histórias. De modo carinhoso, ela o transportava da simples categoria de chato para a de eterno fabulador criativo.

Com o passar dos anos, toda gente acumula experiências, vivencia uma gama variada de sentimentos, conhece pessoas que julga importantes e testemunha fatos sociais e históricos. Alguns desses fatos, quer sejam mais ligados ao âmbito privado ou ao âmbito da coletividade, são considerados relevantes. Então, quando se está velho, parece-me natural o desejo de contar e recontar as situações que marcaram a própria vida.

Mas por que isso acontece? Talvez porque, ao relatar uma experiência, podemos percebê-la com outras lentes e absorvê-la melhor; podemos sentir prazer ao realizar o trabalho da memória que é também um trabalho de criatividade; podemos revisitar como forasteiros aqueles jovens que fomos um dia; podemos, enfim, reviver.

A verdade é que poucos têm paciência de ouvir as histórias dos velhos. O atual modelo de sociedade, que explora o trabalho, visa o lucro e o consumo, enxerga o velho como quem deu o que tinha que dar. Resta o interesse nos proventos de sua aposentadoria. E, assim, culturalmente, a família vai descartando o idoso ao intimá-lo ao silêncio, jogando-o para a solidão, sua primeira morte.

Se a fabulação, como dizia o sociólogo e crítico literário Antonio Candido, é necessidade universal, então todos precisam, em alguma medida, de um causo, uma piada ou um poema, como uma tática de sobrevivência.

(*) Escritor e ex-conselheiro do Conselho de Leitores de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/05/25. Opinião. p.18.


À PROCURA DO CAFÉ JAVA

Por Raymundo Netto (*)

O Café Java, o original, foi fundado em 1886, num canto da Praça do Ferreira, quase em frente ao atual prédio da Caixa Econômica, pelo popular Mané Coco, marmorista, bombeiro voluntário e um dos personagens da historiografia do cinema no estado. Com influência francesa, sua estrutura em madeira seguia a estética "art noveau", com uso de lambrequins – elementos ornamentais recortados em madeira para adornar os beirais para baixo e para cima –, convergindo na cumeeira – era um telhado de duas águas –, e guardando a parte de cima da sua fachada, de ponta a ponta, uma grade de taliscas também de madeira. Era nele que se reunia, anualmente, no 1º de abril, a “tropa” responsável pela organização da “maior festa popular da Fortaleza antiga”: o Festival da Potoca, ou, melhor dizendo, da mentira! Também ali se encontravam os apreciadores da aguardente do Cumbe, trazida pelo Mané Coco. Os seus clientes passavam pelo imenso “Cajueiro da Mentira” e colhiam de seus galhos mais caídos os suculentos cajus para degustar com a boa pinga, enquanto outros bebiam o cafezinho simples, coado na hora, jogavam dominó e/ou esbanjavam seus sonhos, ideias e escritos. Entre eles, Ulisses Bezerra (27) e Sabino Batista (24) sugeriram a um jovem amigo poeta, o irreverente Antônio Sales (24), a criação de um grêmio literário. Ora, o Sales não curtiu. Disse: “Só se fosse uma coisa nova, original e mesmo um tanto escandalosa, que sacudisse o nosso meio e tivesse repercussão lá fora”. Ele não gostava de formalidades, retóricas, discursos e academias. Mas, provocado, criou o título e elaborou o seu “Programa de Instalação”, uma espécie de Estatuto, menos oficial e mais debochado. Assim, em 30 de maio de 1892, em um imóvel alugado na rua Formosa, 105, fundaram a mais original agremiação artístico-literária do Ceará: a Padaria Espiritual (1892-1898). Depois do disputado evento, todos se dirigiram para tomar um cafezinho no Café Tristão, do qual nunca ouvi falar. Na verdade, nas Atas da Padaria Espiritual, não encontramos registro de nenhuma “fornada” (sessão) dos “padeiros” (gremistas) que tenha acontecido no Café Java, embora, ainda em 1892, após terminada uma delas, se dirigiram a ele. Também sabemos que, quando da distribuição de seu informativo “O Pão”, os padeiros se abancavam no Java como ponto estratégico de encontro e venda aos seus leitores. Em 1920, porém, o prefeito mandou derrubar os quiosques, vítimas do “progresso”. O Mané Coco havia vendido o Java há décadas e teria outro Café, o Central, novo ponto de encontro dos últimos padeiros.

Quando houve o anúncio, pela Academia Cearense de Letras, de um “outro Café Java”, também no Centro, mas em local diferente do original, acompanhei. Estranhei tratar-se de uma “réplica”, o que visivelmente não é, pois é totalmente diverso, não só no material da estrutura, que é de ferro, como em toda a sua arquitetura e ornamentos.

Não sei se realmente esse negócio vai vingar, se será possível, diante do eterno descaso ao Centro, realizar tais programações culturais naquele espaço, que é bastante reduzido, além de ser possivelmente uma onerosa manutenção. E dói demais assistir, logo ao lado, a igreja mais antiga da cidade quase se desmanchando à própria sorte. Eu, da forma como gosto e acredito em livros, acho que seria uma homenagem mais relevante à Padaria, a publicação e a democratização do acesso à população cearense da prometida coleção “Biblioteca da Padaria Espiritual”, composta de cerca de 14 títulos desses padeiros, pois muita gente diz comemorar essa agremiação sem nunca sequer ter lido uma dessas obras por eles escritas, simplesmente porque não são acessíveis! “Fornecer pão de espírito aos povos em geral” não era o objetivo maior da Padaria? Então, como diria Antônio Sales em suas sessões: “Está aberta a fornada”.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/05/25. Vida & Arte, p.2.

Nota do Editor do Blog: Havia um problema burocrático envolvendo a Prefeitura Municipal de Fortaleza e a empresa concessionária do serviço que assumiria a gestão da cafeteria que, felizmente, já foi sanado. No dia 10/06/25, a Academia Cearense de Letras (ACL), contando com apoio e patrocínio do seu presidente, o Prof. Tales de Sá Cavalcante, ofereceu uma recepção que acolheu muitos convidados, para um evento de congraçamento.

Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Cad. 25 da ACL

domingo, 22 de junho de 2025

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE V - Gestão da Saúde. Governo estuda criação de plataforma pública

Por Mateus Mota, Reportagem OP+ e Economia

Sua saúde na palma das mãos, dos outros

Mas quem são os "órgãos competentes"? A incorporação é pautada, desde 2011, pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

Estabelecida pela Lei nº 12.401, todo e qualquer processo de incorporação, exclusão ou alteração de medicamentos, de produtos e procedimentos, assim como de protocolos clínicos ou de diretrizes terapêuticas e tecnologias em saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), tem que passar, necessariamente, pela Comissão.

O órgão foi reconhecido e elogiado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, na cerimônia que marcou a homologação do acordo interfederativo homologado pelo STF.

"O direito à saúde e o dever de Estado brasileiro de provê-lo são preceitos constitucionais inadiáveis que sempre devem ser atendidos. Mas nós precisamos garantir esses direitos de forma sustentável e efetiva para que o sistema de saúde possa beneficiar a população, se fortalecendo na sua resiliência e capacidade de enfrentar emergências cada vez mais frequentes”, defendeu.

O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que uma das iniciativas em curso, desenvolvidas em parceria com os entes da federação e o Judiciário, e parte da decisão do Superior Tribunal, é a criação de uma plataforma pública de informações sobre demandas administrativas e judiciais de acesso a fármacos.

De fácil consulta e informação ao cidadão, a plataforma utilizará os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) para possibilitar o monitoramento dos pacientes beneficiários de decisões judiciais.

A discussão, contudo, não está fechada e algumas instituições veem o novo cenário com preocupação. A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) oficiou o Ministério da Saúde solicitando que seja constituído um processo de aprimoramento do processo de Avaliação de Tecnologia em Saúde, assim como adotar medidas de participação social para qualquer mudança prevista.

Para a Dra. Andreia Bessa, coordenadora jurídica da Casa Hunter, instituição que apoia e defende os direitos pessoas com doenças raras, a decisão do STF "representa um enorme retrocesso ao afastar a viabilidade de discussão do paciente com os órgãos do judiciário".

Somado a isso, ela acredita que o tempo para análise dos pedidos de incorporação pela Conitec é "muito elevado e usa critérios injustos, pouco transparentes e parciais".

Luana Ferreira Lima, gerente de políticas públicas e advocacy da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) também coloca ressalvas. “Precismos garantir que não vai acontecer a mesma situação do rol taxativo" aponta.

"A questão vai ser decidida pelo Legislativo, o que é muito ruim. Não queríamos ter esse jogo de poder entre Judiciário, Executivo e Legislativo. No entanto, entendemos que a decisão e a interpretação dela tem questões que estão omissas e que precisam ainda de reflexões para a sua interpretação”, acrescentou.

Hoje, a Conitec é composta majoritariamente por membros do Ministério da Saúde, o que preocupa as associações e pacientes por um possível cenário de conflitos de interesse, podendo levar à exclusão de tratamentos essenciais para as doenças raras. Uma das propostas para contornar a situação é transformar a Conitec em uma Agência.

No Brasil, agências públicas são regulamentadas por lei, e seguem critérios que definem a composição do quadro de diretores, tempo de mandato, obrigatoriedade de haver ouvidoria, reforça a autonomia financeira e institucional, e garante a independência necessária para atuação dessas instituições.

No caso do Brasil especificamente, a principal vantagem seria economizar e ter um determinado tipo de possibilidade de unificar critérios, dar um pouco mais de consistência ao processo, sendo, basicamente, o que fazem Inglaterra, Austrália e Canadá", avalia André Medici, doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo e consultor em Economia da Saúde que atuou por 24 anos no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e no Banco Mundial.

"O fato de você ter uma agência única de avaliação de tecnologia, porém, não significa que você tenha uma determinação do que vai ser incluído no rol, seja dos planos de saúde, seja do SUS”, acrescenta.

"O SUS precisa melhorar a forma pela qual ele está sendo organizado".

O cenário é complexo e convida à reflexão: até onde o equilíbrio entre eficiência do sistema e o direito à saúde individual deve se sustentar? Uma reforma nas competências administrativas até pode ser uma solução para garantir transparência e independência, mas será suficiente para atender às demandas por medicamentos essenciais para doenças raras?

A resposta para a equação do custo da cura continua, por ora, sem solução.

Metodologia

Para obter os dados sobre o investimento anual em medicamentos de alto custo, consultamos a base de dados da CGU, intitulada “Documentos de Execução da Despesa Pública” com filtros para o período de Jan-Dez/2024, o Programa Orçamentário 5017 - Assistência farmacêutica no SUS e a Ação Orçamentária 4705 - Promoção da assistência farmacêutica por meio da disponibilização de medicamentos do componente especializado.

A busca por essas informações foi impulsionada por pesquisas que apontaram investigações da CGU voltadas para a apuração de improbidades administrativas.

Os dados sobre o número de processos judiciais relacionados ao tema foram acessados por meio do Painel de Estatísticas Processuais de Direito da Saúde.

Fonte: Reportagem OP+ e Economia, 24/02/25. p.7.


 

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