quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CATANHO PARALIZA A SUCESSÃO

Por Ricardo Alcântara (*)
O silêncio de quem por muito tempo foi apenas um discreto militante partidário mantém suspensas até segunda ordem todas as manobras, dentro e fora de seu partido, com vistas à sucessão municipal de Fortaleza.
Declarado candidato preferencial da prefeita, com quem, segunda ela mesma, Luizianne “se sentiria plenamente representada”, seu companheiro número um, Waldemir Catanho, já ofereceu sua resposta ao convite.
Disse, e reafirmou em outra oportunidade, que não pretende aceitar o desafio. Não descrê do projeto continuísta da gestão em curso, fez questão de lembrar, mas não se julga o nome mais habilitado para representá-lo.
O clima pesou. Um tempo foi dado para maiores reflexões, mas já de stand by está o secretário municipal de Educação, Helmano Freitas, que poderia vir a representar o “projeto”, caso a recusa de Catanho se confirme.
Tudo indica que Luizianne insistirá na opção de indicar para sucedê-la alguém vinculado à sua própria tendência interna, a Democracia Socialista, ou, no limite, um nome de quem possa cobrar adiante estreita fidelidade.
Diga-se sobre a pretensão a fidelidades que a fartura de exemplos históricos recomenda expectativas modestas: ela pouco se confirma (o caso “Dilma e Lula” não conta: nem uma presidente teria como enfrentá-lo no partido).
Entre as lideranças do PT, percebe-se uma atmosfera de rendição à vontade da prefeita: quase todos se mostram conformados no apoio ao nome que ela indicar, mas nenhum se confessa convencido de que seja a melhor opção.
No cenário, é notável a solidão do deputado Artur Bruno, que pretende protagonizar a disputa depois que outras boas oportunidades lhe foram oferecidas em momentos anteriores e recusou-se ele ao ônus da incerteza.
Bruno se vê até agora quase candidato de si mesmo: se ninguém contesta sua pretensão, igual número de pessoas lhe declara apoio. A julgar pela sua relevância histórica e desempenho recente, a indiferença é estridente.
Outros dois pré-candidatos, Acrísio Sena e Guilherme Sampaio, persistem, mas à sombra: se Bruno acena com a possibilidade de uma disputa interna, os vereadores condicionam suas pretensões à aprovação tácita da prefeita.
Logo, entre os dois e a faixa de indicação, há, ainda, dois estágios a serem superados, até que um deles possa vir para o primeiro plano da disputa: uma desistência definitiva de Catanho e uma provável exclusão de Helmano.
Enquanto Catanho pensa (se é que pensa) no assunto, nenhuma peça mais se move no tabuleiro da sucessão. Singular é que a circunstância tenha como protagonista um militante de atuação destacada, mas tão discreta.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.

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