O Ceará arrola, entre as suas maiores obras, a construção de três grandes hospitais regionais no interior: um, no Cariri, em funcionamento; outro, erguido em Sobral e prestes a entrar em funcionamento; e um terceiro, em fase de elaboração de projeto, a ser edificado em Quixeramobim.
Essas estruturas se completam com uma rede de hospitais-pólo, policlínicas, unidades de pronto atendimento (UPA) e centros de especialidades odontológicas (CEO), que dotarão o Ceará de uma ampla malha de atendimento à saúde, digna de região próspera, que deveria atuar em articulação com as Unidades Básicas de Saúde da Família, sob a égide da Estratégia Saúde da Família.
A Sesa, ainda quando esse arcabouço estruturante da Saúde estava sendo engendrado, anteviu as dificuldades que teria pela frente, ao recrutar mão-de-obra mais qualificada, para dar conta da operação de uma empreitada dessa envergadura.
Para isso, instituiu um grupo de trabalho, juntando técnicos da Sesa, professores universitários e representantes das entidades de classes, com a intenção de diagnosticar a situação da formação de profissionais da saúde, projetando as necessidades de recursos humanos especializados, e indicando os mecanismos apropriados para suprir esses serviços de saúde, sobretudo de médicos treinados e habilitados em algumas especialidades, de complexa formação e de restrita oferta.
Como resultado dessa iniciativa, a Sesa respondeu, direta ou indiretamente, pelo substancial incremento do número de programas e da oferta de vagas em Residência Médica e de outras modalidades de residência para profissionais de saúde ou multiprofissional em saúde, no Ceará.
O que se lamenta, porém, é que esse esforço não tenha rendido o quanto dele se esperava, pois muitos postos de trabalho, criados com a instalação desses novos equipamentos, permanecem desocupados, notadamente os de médicos especialistas, pouco atraídos pelas condições laborais, incluindo a forma de vínculo e a hipossuficiência pecuniária.
Por outro lado, alguns dos hospitais de referência estadual vivenciam uma situação paradoxal, ostentando serviços de excelência e de alta complexidade, enquanto simultaneamente exibem seus corredores apinhados de pacientes em macas, medicamente assistidos, mas desrespeitados em seus direitos de cidadãos. Tal cenário espelha a ineficiência da atenção primária de saúde, em grande parte sob a alçada dos municípios.
O governo do estado, no segundo ano do deu segundo mandato, não tendo qualquer ruptura gerencial na pasta da saúde, desde 2007, o que sinaliza mais quase dois anos e meio para encara esses transtornos, tornando-os mínimos na passagem do cargo ao próximo governante.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e Economista
* Publicado, sob o título Gestão da Saúde no Estado do Ceará. In: O Povo, Opinião, de 20/07/2012. p.7.
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