As relações entre a verdade religiosa e a verdade científica são temas sempre discutidos no mundo atual. Passei quase toda a minha vida adulta como professor universitário e durante este tempo este assunto vêm à tona frequentemente. Recebi dos meus colegas e alunos perguntas deste tipo: Será que fé e ciência não entram em choque?; Qual é o relacionamento entre fé e ciência?; A ciência é uma ameaça à fé?, Como sabemos com certeza que Deus existe etc. Nos últimos quarenta anos com o surgimento de questões polêmicas como a clonagem humana, a descoberta do genoma humano, os direitos reprodutivos, reprodução assistida, a engenharia genética, o aborto, direito à vida e anencefalia, transplantes e doação de órgãos, pesquisa em seres humanos, eutanásia etc., a discussão está se reacendendo. O papa João Paulo ll ficou tão preocupado com a relação entre fé e ciência que escreveu uma Carta Encíclica titulada “Fides e Racio” (Fé e Razão) em 1998. Desde 1960 aproximadamente, a humanidade passou a se defrontar com uma série de dolorosos questionamentos sobre fé e morais suscitados pelos avanços alcançados na ciência. A capacidade humana de destruir a biosfera e de manipular as espécies ou de intervir tecnologicamente em sua evolução indicava que os princípios éticos clássicos passariam a ser relativizados. Com a bioética novas orientações apareceram nessas áreas sensíveis.
Falando sobre Fé e Ciência, o Catecismo da Igreja Católica afirma: “Ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não poderia negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade (Con. Vat l, Dei Filius 4 e Denzinger-Schönmetzer, 3017)”. “Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus” (Con. Vat. ll, GS, 36.l).
A Igreja Católica ensina que a pesquisa de base, como a pesquisa aplicada, constitui uma expressão significativa do domínio do homem sobre a criação. A ciência e a técnica são recursos preciosos postos a serviço do homem e promovem seu desenvolvimento integral em benefício de todos; contudo, não podem indicar sozinho o sentido da existência e do progresso humano.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica é ilusório reivindicar a neutralidade moral da pesquisa científica e de suas aplicações. A ciência e a técnica exigem por seu próprio significado intrínsecas, o respeito incondicional dos critérios fundamentais da moralidade; devem estar a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus (CIC 2294). Gostaria de terminar este breve artigo citando um dos mais eminentes cientistas do mundo: Albert Einstein (+1955) Nobel de Física disse “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus. O universo é inexplicável sem Deus”.
(*) Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1. Professor aposentado da UFC.
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