Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Carlito Maia, já falecido,
foi um intelectual extremamente ativo. Publicitário digno, defensor da justiça
e da paz, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores disse certa vez:
"Quando a esquerda começa a
contar dinheiro, converte-se em direita". Por outro lado, sem também tomarmos como regra geral,
poderíamos dizer que quando a direita deixa de contar dinheiro vira esquerda.
Essas observações mostram a importância dos aspectos monetários na formação do
pensamento e das atitudes, ao longo do tempo, de boa parte da humanidade.
Estudiosos, cientistas e filósofos abordaram tal comportamento à luz de
princípios políticos, éticos e morais. As duas frases mencionadas, apesar de
aparentemente simplórias, concentram mensagens fortes no que diz respeito à
conduta das pessoas. Lamentavelmente, nos dias atuais, a exacerbação do
pragmatismo está ocupando espaço das opções ideológicas e institucionais, o que
nos confunde e aumenta as dúvidas relacionadas com a existência e a verdade,
analisadas por Jean Paul Sartre. Acreditamos serem as manifestações pragmáticas
influenciadas pelo maniqueísmo direita e esquerda, pela ânsia de poder, pela
falta de solidariedade, pelo individualismo e pela ausência de sentimentos
espirituais. Por sua vez, o Estado existe não para ser opressor, tampouco de direita
ou de esquerda, mas para assegurar os princípios básicos da democracia.
Precisamos nos voltar para o conhecimento das verdades essenciais, objetivando
alcançar os valores éticos indicadores de um mundo social baseado nos conceitos
de justiça e de igualdade de oportunidades.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Publicado no Diário do Nordeste, Ideias. 7/2016.
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