Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A
literatura econômica brasileira, talvez em virtude da convivência da economia
nacional com o problema, tem sido relativamente pródiga no que diz respeito a
determinadas situações inflacionárias (custo, demanda, setorial, importada,
reprimida, corretiva, etc.). Vale comentar, resumidamente, as chamadas inflação
reprimida e corretiva. A primeira pode ser entendida quando fatores artificiais
no mercado, como tabelamentos ou subsídios, força a fixação de preços abaixo
daqueles que seriam praticados, considerando-se a interação da oferta e da
procura. Fenômenos dessa natureza podem ser observados quando o Governo
pretendeu, em última análise, ampliar seus benefícios à população, via redução
de preços, mesmo ocorrendo o risco de favorecer o surgimento de efeitos
colaterais negativos, tais como o desestímulo à produção, em consequência de um
tabelamento inadequado, ou então a execução da atividade em níveis de baixa
produtividade, decorrente de uma política inadequada de subsídios. Por sua vez,
a inflação corretiva apareceu por ocasião da eliminação desses fatores
artificiais, pois eliminando-os, os preços rapidamente se estabeleceram num
nível superior ao vigente no mercado. Saliente-se que no Brasil a inflação
reprimida aconteceu quando da aplicação dos discutíveis mecanismos (tabelamentos
e subsídios) aos serviços de utilidade pública, com destaque para energia,
transportes e comunicações. As tarifas ficaram abaixo dos níveis de mercado (inflação
reprimida). Ao se eliminar os mencionados mecanismos, os preços subiram (inflação
corretiva).
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
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