Médico-Psicoterapeuta
Presidente colombiano Juan Manuel Santos
ganha Nobel da Paz 2016 e com esta notícia surge a pergunta requentada: “Quando
é que o Brasil terá o seu Nobel? Tudo pode acontecer, mas com esta mentalidade
será difícil”.
Sei que, em qualquer atividade humana, é
necessário investir tempo, dedicação, trabalho, continuidade, determinação e
criar um ambiente propício para alcançar metas. O que importa não é o país de
nascimento do laureado e sim onde foi realizada a pesquisa. Advirto que o
Premio Nobel é apenas, midiaticamente, o mais importante. E como em toda e
qualquer atividade humana por mais honesta que seja, o pesquisador comete lá
seus enganos. No caso específico do presidente colombiano acredito, como
sul-americano, que ele seja merecedor. Muito embora o da Paz seja um dos mais
importantes, por suas características, é ofertado em cerimônia separada e até
em outro país (Noruega). Não é cientifico, nem de arte. É de quem luta pelo
mais escasso bem da humanidade: A PAZ.
Lembro que se os Estados Unidos da América do
Norte não tivessem suas universidades, teriam de mostrar aos visitantes, não
Universidades, mas o Grande Cânion, as Cataratas de Niágara, além da Quinta
Avenida e as gigantescas esculturas, com mais de 18 metros de altura cada uma,
no monte Rushmore – Dakota do Sul. É bom que se acentue que essas premiações
não levam em conta raça ou nacionalidade, mas decorrem de trabalhos realizados
em universidades, academias, centros de pesquisas.
Trabalhos sérios que nada têm a ver com a
emissão de borbotões de diplomas de qualidade pra lá de duvidosa. E o pior é
que creio que, se algum dia algum brasileiro: nativo, naturalizado ou que tenha
aqui feito sua descoberta, ganhar o Nobel, vão dizer por aí: — 'Grande
coisa este tal de prêmio Nobel! Até “fulaninho” ganhou um...'. Isto é o que se deve mudar antes de jogar
dinheiro fora ou ficar se lamentando.
Vamos às duas historinhas para ilustrar o
Nobel. A pronúncia, deixo ao critério do leitor. Uma, envolvendo o láureo.
Primeira
historinha:
Trata-se de um fato ocorrido com o único
psiquiatra ganhador de Nobel de Medicina, até hoje. O judeu austríaco que vive
nos Estados Unidos, Eric Kandel, único vencedor do Prêmio Nobel de
Medicina/Fisiologia em 2000, por ter desvendado os mecanismos que permitem ao
cérebro formar e armazenar memórias. Foi convidado a ministrar uma palestra em
Viena. Presente, a nata da intelectualidade. Quando de sua apresentação
agradeceram-lhe pelo fato de, como filho, retornar à Pátria. Ele então, ao
tomar a palavra, disse algo mais ou menos assim: 'Saibam que
este filho, quando saiu da Pátria, saiu fugido em um trem, faminto, sem a ajuda
de nenhum de vocês’. Em seguida, sem mais delongas, deixou o recinto.
*****
E como havia prometido, aí vai uma outra historinha:
Há alguns anos li um artigo de um professor
paulista, cujo nome não me recordo, que falava do estado da arte das “pesquisinhas” no Brasil. Ele a apelidava de pesquisinha:
Um biólogo estudava o aprendizado e o comportamento
das formigas. Ele pega uma formiguinha, coloca numa bandeja de experimentos e
ordena: - Formiguinha, anda - e a formiga anda. Arranca uma das patas da
formiga e repete: - Formiguinha anda e, mesmo capenga, a formiguinha anda. Vai
então arrancando as patas do inseto uma a uma, até que, quando arranca as seis
patas da formiga, repete: - Formiguinha anda; e a formiga não se move.
Pesquisinha: Formigas sem pernas são surdas?
Ou, num país onde o caos econômico-financeiro, educacional, e, médico foi
perpetrado o esporte perde a sua força?
Deixo o leitor com o livre arbítrio de
escolher a sua conclusão.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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