Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
O presidente eleito não
será operado para retirada da bolsa de colostomia, e sim o fechamento desta.
Senão vejamos.
A exteriorização no
abdômen de uma alça intestinal aberta, quando perfurada acidentalmente,
denomina-se colostomia (de "cólons" = intestino grosso e
"estoma" = boca). Pratica-se em operações eletivas (não
emergenciais), ou, nesse caso, para superficializar feridas traumáticas nos
cólons. Aqui pela contraindicação de sua costura (sutura) imediata, estando o
abdômen já infectado por vazamento fecal.
Terminando intervenções
cirúrgicas programadas, a colostomia em alça diz-se derivativa, pois desvia o
trânsito intestinal protegendo área recém-suturada. Em ambas circunstâncias
quer-se passageira, temporária, a ser fechada (retirada) após tempo variável.
Para que os dejetos
digestivos não jorrem sobre a pele, coletamo-los em uma bolsa apropriada, sendo
tal retirada, isto é, trocada sempre que repleta.
A abertura no intestino,
assim como sua passagem por onde emerge (sai), serão ocluídas quando
necessário, mediante suturas antes de sua devolução à cavidade abdominal.
Para tanto servem e
comportam-se assim as colostomias efêmeras, transitórias, como a do presidente
escolhido, ungido pelo povo brasileiro.
Ocasiões existem quando
nos obrigamos a fazer uma colostomia definitiva, permanente. Disto são exemplos
alguns casos de câncer do reto, e os traumatismos perineais mutilantes,
acidentais, com avulsão (arrancamento) de sua musculatura esfincteriana.
A colostomia definitiva,
onde o ânus é implantado no abdômen - também descrito como artificial,
"contra natura", preternatural - costuma acarretar transtornos,
físicos, funcionais e emocionais. Para bem preservá-los (acompanhá-los)
fundamos em Fortaleza, em setembro de 1975, o primeiro Clube de Ostomizados do
Brasil.
Recomendamos a leitura de
nossas monografias "Colostomias & Colostomizados" EUFC, 1981, e
"Síndrome pós-colostomia", 1989.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 13/12/2018.
Opinião, p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário