Por
Vladimir Spinelli Chagas (*)
O Hospital Psiquiátrico São Vicente de
Paulo, em Fortaleza, tem uma longa e complexa história, que se confunde com o
desenvolvimento da assistência psiquiátrica no Ceará. Fundado em 1º. de março
de 1886, como "Asilo dos Alienados", foi iniciativa da Irmandade da
Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, sob a liderança do Comendador
Severiano Ribeiro da Cunha e o apoio de movimentos filantrópicos e de outros
grupos, que buscavam o que era considerado como a "problemática da
loucura" na província.
Primeira das instituições do estado a
oferecer, de forma planejada, cuidados para pessoas com transtornos mentais, em
que pesem as práticas do século XIX estarem então alinhadas ao modelo de
isolamento, a instituição marcou um ponto de virada ao centralizar o
atendimento, antes feito em espaços sem estrutura adequada. Ainda hoje busca
adaptar-se aos novos conceitos de tratamento e humanização, evoluindo sempre.
Atuando como um recurso vital para a rede
de saúde mental de Fortaleza, oferece uma gama de serviços, que vão desde o
internamento e os cuidados intensivos em momentos de crise, com assistência 24
horas, à manutenção de uma equipe multidisciplinar trabalhando em conjunto, em
busca de um tratamento mais completo e focado na reintegração social do
paciente, até tratamentos diversificados, que ajudam no desenvolvimento de
habilidades e na valorização da vida.
Atendendo pacientes do Sistema Único de
Saúde (SUS), garante o acesso a tratamentos para a população. Além disso,
trabalha em conjunto com o Ministério Público do Ceará (MPCE) para garantir a
correta comunicação sobre internações, especialmente as involuntárias e
compulsórias, assegurando a proteção dos direitos dos pacientes.
Erguida no bairro Parangaba, carece ainda
hoje do apoio da sociedade, tendo em vista que os recursos públicos destinados
pelo SUS não são suficientes para cobrir os custos cada vez maiores desses
tratamentos, o que vem dificultando a sobrevivência das instituições, nesse
campo.
139 anos depois, o São Vicente de Paulo
continua oferecendo guarida e tratamento humanizado aos seus pacientes.
(*) Professor aposentado
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/08/25. Opinião. p.16.
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