Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Aparentemente semelhantes, são termos díspares, embora aliados e interpenetrantes. Cultura representa um sistema de ideias e de costumes que alimentam e perpetuam um povo em determinado tempo. É adquirida por intuição, adoção ou atavismo (herança biossocial ou intelectual). A educação é o conhecimento ministrado, imposto, como nas escolas, é um aprendizado do mundo, como escreveu Raul Pompeia no seu “O Ateneu”; é a preparação para a vida. Aliás já foi dito que no Brasil só há um problema nacional: a educação.
O conceito inaugural de cultura relacionava-se à terra, pois lavrava-se o solo para que florasse e frutificasse. Curiosamente, às vezes estas duas palavras se entrelaçam, assemelhando-se até. Assim cultivar, educar uma sociedade é torná-la frutífera. Enquanto a meta da cultura é preservar a história do espírito humano, o objetivo da educação seria a formação do caráter individual. Como outra acepção, cultura representa o que o povo inventa, faz, modifica ou controla.
Incluem-se aqui a religião (ou sua ausência), a música, as artes, o folclore, o futebol, o Carnaval, as touradas, as rinhas-de-galo, o candomblé, o artesanato, os instrumentos domésticos, os venatórios (de caça), os bélicos, enfim, manifestações do intelecto popular.
Os povos primitivos, portanto sem educação, já mostravam sua cultura em pinturas rupestres (gravadas ou esculpidas em rochas e cavernas), como descobertas em grutas da Serra da Capivara (Piauí), há 40 mil anos, em Lascaux (França) 15 mil anos atrás, ou em Altamira (Espanha), 12 milênios passados.
A educação, nas escolas e universidades, integra a cultura, principalmente através da leitura e dos métodos audiovisuais. O Brasil é de muita cultura e pouca educação. Dos mais de 194 milhões de habitantes, 14 milhões ainda são analfabetos. Lê-se tão somente uma média de 4,7 livros/pessoa/ano, incluindo-se os didáticos. Excluídos estes, nosso povo lê apenas dois livros por ano, para uma média mundial de oito a dez títulos!
A preocupação federal com a cultura surgiu em 1986 (Lei Sarney), daí surgindo o mecenato, apoio oficial empresarial às manifestações culturais. Embora revogada por Fernando Collor, em 1990, foi restabelecida em 1991 pela Lei Rouanet.
Atenta à importância também da educação e da cultura entre seus segurados e cooperados, a Unimed Fortaleza, através de sua Universidade, vem promovendo e planejando vários eventos culturais. Entre estes sobressaem, para este ano, o curso de “Relação atendente/paciente”, o II Unimedlit (Literatura para médicos), outra edição das aulas de Inglês instrumental, e exibições quinzenais de filmes (Unimedcine). Posteriormente abordaremos a “Blume”, Biblioteca Unimed de Médicos Escritores, para breve funcionamento.
(*) Médico e presidente da Academia Cearense de Letras
Fonte: O Povo, Opinião, de 1/2/2012.
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