Da Reuters, em Viena Dominic Ebenbichler /Reuters 24/9/12
A sugestão de transformar a casa em que Adolf Hitler nasceu em um espaço residencial comum provocou um debate na Áustria. O que fazer com uma propriedade que carrega uma forte bagagem histórica mesmo décadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial?
Adolf Hitler, o ditador nazista responsável pelo holocausto, nasceu na cidade de Braunau am Inn, perto de Salzburgo, na fronteira com a Alemanha, em abril de 1889. A família viveu no local apenas três anos, mas o edifício de três andares ficou marcado como o cenário de nascimento de Hitler.
Atualmente, uma aposentada é dona da propriedade, que vem sendo alugada pelo Ministério do Interior austríaco desde 1972 e sublocada para a cidade de Braunau.
De acordo com notícias da mídia, o prédio --que era uma hospedaria quando a família de Hitler alugou o espaço-- já abrigou uma biblioteca, um banco, salas de aula e mais recentemente um workshop de uma organização filantrópica para pessoas deficientes.
Inscrição em frente à casa onde Hitler nasceu, na Áustria, conclama a liberdade e critica a morte de milhões de pessoas pelo fascismo
A questão sobre o que fazer com o imóvel agora expõe as divisões entre aqueles que desejam salientar o seu passado e aqueles que querem virar a página de um capítulo inglório da história local.
O prefeito de Braunau, Johannes Waidbacher, iniciou a polêmica ao propor transformar a casa em uma residência comum. "Você tem de perguntar se faz sentido um outro memorial do Holocausto quando já há muitos por aqui", disse o prefeito, nascido 21 anos depois do fim da guerra, ao jornal "Der Standard".
"De qualquer forma, somos estigmatizados. Hitler passou os primeiros três anos de sua vida na cidade e certamente não foi sua fase de formação. Nós, como cidade de Braunau, não estamos, portanto, preparados para assumir a responsabilidade pela eclosão da Segunda Guerra Mundial", disse ele na semana passada.
Em uma declaração feita na segunda-feira, Waidbacher recuou um pouco, dizendo que "não se pode permitir nunca que essa casa se transforme em um santuário para os intransigentes", mas também ressaltou que a cidade tem poder limitado.
"No final, a decisão cabe ao Ministério do Interior e à proprietária", acrescentou ele.
Um porta-voz do Ministério do Interior disse que nenhuma decisão tinha sido tomada ainda, acrescentando que a coisa mais importante é evitar que o "mal" neonazista frequente o local. Ele afirmou que não há planos para deixar que a propriedade seja usada como residência.
A identidade da proprietária não foi divulgada.
Fonte: Notícias UOL, 24/09/2012.
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