São 3 coisas que parecem não ter relação alguma entre si, mas são os principais objetos que os praticantes de caminhadas diárias, nas praças cearenses e Avenida Beira-Mar, levam nas mãos.
O galhinho de arruda simboliza nossas crendices tão curiosas e freqüentes. O terço, confirma nossa grande religiosidade católica. E a bolinha de borracha para os exercícios com os dedos das mãos para uma estimulação muscular durante a sua caminhada.
O galhinho e o terço, ambos fortes protetores, são utilizados pelas mulheres que caminham quase sempre em grupos, falando alegremente e, frequentemente, todas contando suas estórias familiares ao mesmo tempo. Estou criticando? Não, elas têm aquela bendita capacidade mental que as permite fazer várias coisas ao mesmo tempo.
A bolinha é utilizada pelos homens, velhos e novos, que buscam perfeição muscular ou saúde corporal. Muitos sozinhos e, quando em grupos, falando de problemas sociais, política ou futebol. Eu, que caminho sozinho, pelo meu próprio ritmo, fazendo de conta que não estou ouvindo, fico me deliciando com as “fofocas” que ouço.
E aí destaco os três importantes elementos para nossa longevidade: a atividade física, a boa fofoca e a religiosidade. Fico satisfeito ao comprovar, cada vez mais, o reconhecimento, pela nossa população, de suas importâncias, com o aumento de nossa longevidade. Principalmente pelas mulheres.
“Vida ativa” tem sido um Projeto da OMS, desde há vários anos, e então incorporei este determinante como essencial para a nossa vida com boa longevidade. Por isso, tem sido um “slogan” de nosso programa “Novas Idades”, transmitido pela Rádio Universitária-FM, todos os sábados, as 11:00 horas, para que os ouvintes possam alcançar uma maior longevidade: “Tenham uma Vida Ativa, Criativa e Saudável” destacam os Drs. João Macedo, Charlys Nogueira, Jarbas Roriz e o velho aqui que escreve, responsáveis pelo Programa.
Mas, também, tenho de destacar um outro fato que encontramos nas praçinhas e locais de caminhadas: os praticantes são quase todos das classes média e alta. Muitos dispõem de automóveis (agora cada vez mais) e podem chegar aos locais apropriados. E aí vem a nítida demonstração de que os pobres não são praticantes de caminhadas diárias. Academias de ginásticas? Nem pensar. Pobre tem de trabalhar muito para poder viver e não tem tempo para caminhar ou fazer exercícios. Claro que alguns poucos têm já uma atividade física realizada nos seus trabalhos. São porem, cansativas e, algumas vezes, estafantes e traumáticas para determinadas partes do corpo. É isto aí, meus amigos ricos e da classe média, pobre não tem nem o “direito” de praticar atividade física recomendável. E fica mais fácil de adquirir várias doenças conhecidas e mais propenso às práticas proibidas, como beber e fumar.
Daí, pensei na possibilidade do próximo Prefeito de Fortaleza inovar, criando um programa de “Vida Ativa” com as praticas recomendadas para todos os seus funcionários e para a população pobre em geral, nos diferentes bairros da cidade. E que passem também a usar o galho, o terço ou a bola, alcançando uma maior longevidade, evitando esta alarmante obesidade atual e tendo mais satisfação de viver e momentos de felicidade no ano novo.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Publicado In: O Povo, 26/12/2012.
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