Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
É sempre
temerário homens falarem/escreverem sobre mulheres. Vou correr esse risco,
sabendo que a mulher é antes de tudo mãe (mesmo que não sendo) e conta com esse
dom da Natureza no seu dia a dia.
Desde os
primeiros tempos da existência, meninos e meninas são criados de forma
diferenciada pela mãe e isso está na origem da distinção e dos papéis que cada
um vai assumir como adulto.
No caso da
mulher, são papéis que se dividem em três exaustivas missões: ser ao mesmo
tempo dona de casa, profissional e companheira (partner). A mulher não tem uma jornada dupla de trabalho, ela é
tripla. Ser mãe, dona de casa, esposa (namorada, noiva, companheira), sem
mencionar a sua vida profissional.
Até hoje, com
todos os avanços, o homem não tem a incumbência do lar, com raras exceções.
Apesar das mudanças, o homem casado perante a mulher e os filhos, permanece com
pretensão de ser aquele que se sacrificou pelo bem de todos. Portanto, estamos
distante de um Mundo no qual homens e mulheres sejam iguais no trabalho. Talvez
elas, as mulheres, sejam mais próximas da vida concreta.
Os homens vivem
a metade do tempo em fantasias, às vezes inconfessáveis, tipo "o que vou
fazer quando ganhar na loteria". Isso pode ocupar 30% do tempo deles, e
não estou exagerando.
A mulher pode
até jogar na loteria, mas não vai perder tempo pensando em como gastar aquele
dinheiro. O homem é investido pela mãe da tarefa de ser a realização de todas
as aspirações maternas. Essa é uma razão por que ele não para de sonhar...
A mulher pode
ter outros desejos, mas o fato de sonhar uma vida totalmente diferente não é
uma coisa pela qual ela vá perder muito tempo. Ainda hoje as mães tratam
meninos e meninas, desde bebê, de forma diferente. Não é porque elas não amam
sua filha, seria absurdo afirmar isso. Os homens também têm forte rivalidade no
trabalho, mas o ciúme entre as mulheres é fortíssimo e não é meu desejo
psicanalisar esse argumento impossível.
Esclareço: Durante
séculos a mulher foi culpada de ser mulher. É como se carregasse uma
imperfeição. Freud foi muito criticado nos anos 1960, mas, quando você o lê
afirmando como se formam psiquicamente os dois sexos, tem-se a impressão de que
o sexo feminino foi descrito por ele e por muitos negativamente, como aquele
sexo ao qual falta um pênis.
O movimento
feminino dos anos 60 teve uma função muito grande na mudança dessa percepção.
Porém isso não acabou.
A mulher ainda
sofre com a herança maldita, por ser "imperfeita". O tempo inteiro
tem que mostrar que pode e é capaz. Já o homem, por ser homem, seria aquela
coisa maravilhosa da mãe. Os homens continuam profundamente machistas, achando
que a mulher não pode fazer tudo. E elas têm certa condescendência com esse
comportamento, porque deixam os homens acreditarem nisso.
A mulher é mais plástica e tem mais facilidade de enfrentar
situações diferentes, se adaptar a elas e mudar rapidamente. Isso pode ser uma
vantagem muito grande para o bem da Humanidade.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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