Por João Soares Neto (*)
Há 50 anos surgia a profissão de Administrador. O objetivo era
suprir lacunas na gestão pública, formar quadros para a iniciativa privada e
mudar a burocracia nacional, com toda a herança das ordenações portuguesas que
permite o encastelamento de pessoas como detentoras de ricos feudos
arquivadores do que deveria ser parte da administração pública, como em países
civilizados.
O Brasil está loteado com milhares de cargos de confiança em todos
os níveis. Nas mais de 5.500 prefeituras, nos 27 estados e no governo federal.
Além disso, o fenômeno da terceirização é realidade cruel para os cofres
públicos. Quem entra não quer sair. Quem está fora deseja participar.
E os Administradores? Apesar do esforço de profissionais de níveis
ainda não se conseguiu o espaço que, por exemplo, têm na França. Lá, a “École
Nationale d´Administration” é fornecedora de cérebros pensantes e atuantes em
todas as esferas de governo.
Nesta semana em que se comemora os 50 anos da profissão de
Administrador fica a questão: se os administradores públicos fossem
profissionais de carreira, concursados, o Brasil ter-se-ia deixado engolfar
nesta infindável senda de tantos despautérios?
Tenho dúvidas, mas há esperança de que os Administradores possam,
por seus talentos e formações, ocupar cargos para os quais foram treinados e
qualificados, nas empresas privadas e em órgãos públicos. As entidades de
classe devem pugnar para que os governantes e as empresas, por concurso ou por mérito,
absorvam milhares de administradores na procura de destino melhor para o
Brasil. Agora, de grau rebaixado.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado no jornal Diário do Nordeste, em
13/09/2015.
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