Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Lanço este
pequeno livro 'Cotidiano em Movimento', uma coletânea de crônicas publicadas no
caderno Opinião do Diário de Pernambuco (entre 2005 e 2015) graças à acolhida
do então Presidente Joezil Barros.
O livro é
pequeno porque é descarnado de valor literário e ao mesmo tempo grande pois
contém muitas crônicas, algumas das quais deveriam ser cortadas. Deixei-as para
obedecer à ordem cronológica. Não procure nele a estrutura de um livro. Carece
de unidade íntima. O que sei é que cada uma das crônicas decorreu de um
determinado estado de espírito, lugar, e tempo do autor.
Sou um homem
afetuoso e tenho muito cuidado para não ferir nenhuma pessoa injustamente. Caso
tenha sido áspero com alguém ou tenha parecido sê-lo, incluo “esta maneira de
ser” entre as minhas poucas qualidades.
Possuo mais
de meio século de prática médica, para falar somente dela; outras coisas
prefiro não discutir. Seja do Recife, cidade onde nasci, no Rio de Janeiro, ou
em Bristol, Oxford ou Londres. Quando eu mudava de cidade a Madame Medicina
continuava a ser meu par constante. Admiro os clássicos de todas às Artes.
Conseguem juntar às dissonâncias das inquietações humanas sem abandonarem o
encanto da atualidade.
Até hoje não
sei com quantos quilos de medo e de poder se faz uma tradição ou preconceito.
Burrices bastam as minhas. Pois delas não posso fugir nem me livrar. Nasceram
comigo e juntos morreremos. Não me peça para aguentar asneiras dos outros. É
pedir o impossível. Desde que não fiz fortuna pessoal, não tenho o direito de
ser nem um pouco injusto, inconveniente ou desonesto. Sou apenas curioso. E
tenho certeza de que a melhor e mais inteligente reposta vale menos que
qualquer pergunta.
Cada vez
mais tenho certeza de que o órgão mais sensível do homem ou da mulher é o
bolso. Portanto, não escrevo para mudar a cabeça dos meus infrequentes
leitores, nem mesmo pretendo que venham a modificar a minha. Escrevo por
afoiteza, apesar de todas essas tecnologias, dessa modernidade líquida
contemporânea. O importante é a vida. O tempo da vida é o tempo da memória
mesmo a da palavra escrita.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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