Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Não devemos esquecer
que a cada nova geração os modelos vigorantes são questionados, quebrados,
modificados ou até esquecidos. No século XXI as profecias não passam de meras
conjecturas. Por outro lado, os clichês quanto aos homens e às mulheres
passaram a compreender as peculiaridades de cada sexo e creio que, com isso,
abrem-se novos caminhos.
Gostemos ou não da
pílula anticoncepcional, de trabalhar fora de casa, da independência
financeira, sem eles não haveria o aceite da emancipação dos mais diferentes
gêneros. O diálogo tem levado a menos tabus, repreensões e hipocrisias. Como na
maioria desses modelos binários cridos imutáveis, devemos procurar nas crenças,
e agora também na ciência, as raízes da dicotomia homem/mulher. Aqui e agora.
Pressupostos que
impedem o aceite psicossocial do modelo binário da espécie autodenominada Homo
Sapiens têm sido repensados; dentre eles, o processo de emancipação da mulher e
da sexualidade humana. Apesar desses propalados
avanços, curioso é como se culpa as religiões como repressoras dos movimentos
feministas ou assemelhados.
No Ocidente, a tradição
judaico-cristã é baseada na Bíblia. Jeová criou primeiro o macho (Adão) e
depois criou Eva da sua costela. Foi o primeiro transplante registrado na
literatura de que tenho notícia. As feministas poderiam dizer que sendo Deus
masculino o mortal, o homem criado à sua imagem e semelhança teria sido
causador dos preconceitos contra as mulheres. Na cultura chinesa a divindade
Criadora é feminina, que inventou duas criaturas, ambas sem genitálias. Como
assim não poderia haver a perpetuação da espécie, acrescentou à sua criação,
posteriormente, órgãos genitais: feminino & masculino.
O fato de o Deus ter
sido masculino e a mulher considerada um pedaço da costela do macho, no
Ocidente, onde as mulheres estão mais emancipadas, faz com que essa situação
seja - no mínimo – curiosa. Já na China elas passaram milênios sem terem o
direito ao crescimento nem dos próprios pés. Determinados pressupostos devem ser
analisados para entender a causa. O óbvio não é cientifico e o científico
aceita modificações. E, falando ainda dessas rivalidades entre feministas e
machistas, posso terminar esta “croniqueta” de duas maneiras: para quê tanto
barulho e discussões, se para a mulher, amor é toda a sua existência e para o
homem é uma coisa à parte de sua vida.
Devemos tratar a
natureza da melhor maneira possível, mas não esperemos ser por ela retribuídos.
Cuidado meus companheiros: qualquer homem é filho de uma mulher... o gaúcho
diz: “Tchê, lá no Rio Grande todo mundo é macho”. Contesta o cearense “Pois
sim, lá no meu Ceará é metade homem e metade mulher; e é.... tão bom!"
Mas é melhor que fiquemos
com minha crença, baseada no grito erótico dos franceses: ‘Vive la différence!’
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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