segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

DIPLOMA PERDIDO


Geraldo Duarte (*)
Enfocamos, aqui, acontecimento registrado no início do ano sessenta, século passado.
Novamente, lembrados com saudades, o engenheiro Clóvis de Araújo Janja e o mestre de obras Manuel do Montserrat.
Trabalhos do Serviço de Abastecimento D’Água, do Dnocs, no distrito de Messejana. Execução do projeto da rede abastecedora local, aprovado pela direção geral do Departamento.
Na fase de assentamento das tubulações, fez-se verificado clamoroso erro técnico. Não havia projetado um ramal para atender ao hospital-maternidade.
Dr. Clóvis Janja procurou o engenheiro seu chefe e do SAD, cientificando-lhe e requerendo providências para a correção. Nenhuma solução assomou.
Em comentário e protesto, Montserrat externou: “Se eu fosse engenheiro, podia perder meu diploma, mas não ficava assim!”.
Dia seguinte, Janja chamou o mestre e a mim e disse-nos: “Ontem, em casa, procurei por todos os lugares meu diploma e não achei! Cheguei à conclusão de que o perdi! Portanto, vamos utilizar os tubos da reserva técnica e fazer um desvio para a maternidade!”.
Deu sonora gargalhada, acendeu um cigarro que sempre pendia na boca e determinou rápida ação.
Inexistiu resposta aos ofícios visando à reparação. Aquele chefe, mesmo contrário à alteração, silenciou. A extensão foi executada por Montserrat e sua turma de campo, servindo aos socorridos naquela unidade de saúde pública.
Sem dúvidas, até hoje, os encanamentos tubulares ainda permanecem enterrados na área.
Quem sabe, Janja, Montserrat e os operários, de há muito moradores do Oriente Eterno, estejam a gargalhar com este artiguete...
(*) Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 31/1/2017.

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