Quintino Cunha era um notável poeta. Ficou famoso por motivos menos
nobres é verdade, mas não menos interessantes. As suas respostas ferinas às
provocações, as suas atuações como advogado dos oprimidos e a sua inteligência
invejável e invejada, fizeram dele um mito. Muitas histórias surgiram e foram
atribuídas ao Quintino. Nem todas são verídicas, mas a maioria tem registro.
Aqui estão algumas das mais curiosas e também as suas melhores poesias. Esta
seção pretende fazer justiça ao mérito de Quintino como poeta, já que, como
repentista, é incontestável. Além disso, visa preencher uma lacuna. Até então,
não existia nenhuma alusão ao célebre cearense na internet.
A Paciência do
Juiz
Em uma cidade do interior
cearense, das muitas pelas quais Quintino andava, um rico e portanto importante
morador achava de insultar sempre um pobre e infeliz bêbado muito popular na
cidade.
- Bêbado safado!
Vagabundo! Corno!
E todo dia era a mesma
história. Durante dez anos o pobre homem aguentou as ofensas. Mas um dia a
paciência acabou e o bêbado matou o ofensor.
Nenhum advogado queria defender
o coitado. Quintino, sabendo do acontecido, logo se apresentou como advogado
deste.
No júri, o promotor
praticamente liquidou com as chances de defesa do inditoso acusado.
Já o Quintino, iniciou com
estas palavras:
- Meritíssimo senhor juiz!
- Meritíssimo senhor juiz!
- Meritíssimo senhor juiz!
Por dez minutos o intrépido
advogado repetiu essas palavras dando uma leve batida na mesa. O juiz se
impacientou e falou:
- Doutor Quintino, eu não aguento mais, pare com isso e
comece logo!
Era só o que o Quintino queria
ouvir para arrasar o argumento do promotor.
- Meritíssimo senhor juiz, por apenas dez minutos eu repeti
um respeitoso elogio e Vossa Excelência já se impacientou. Imagine então, um
homem aguentar, por dez anos seguidos, os maiores insultos, pelo simples motivo
de se embriagar...
O acusado foi absolvido por
unanimidade.
(Do anedotário popular -
Redação: Ceará-moleque)
Advogado
bom pra cachorro...
Quintino, na função de
advogado, estava em seu escritório quando chega um cliente, e os dois põem-se a
discutir.
- Então, Dr. se o cachorro do meu vizinho entra na minha
casa e come dois quilos de carne que estavam sobre a pia, eu tenho direito de
pedir indenização?
- Claro que sim, meu amigo!
- Então, Dr. passe-me C$20,00, pois o cachorro era o seu!
- Pois não... Mas, antes me dê C$30, 00, pois a consulta
custa C$50,00!
Enviada pelo colaborador:
Sandro Roberto Veloso de Araújo
Nota: O dinheiro da época de Quintino,
provavelmente, era outro.
O Prato de
capim
Quintino era um bom aluno. Às
vezes, no entanto, tirava notas baixas por causa de sua mania de dar respostas
irônicas quando as perguntas do professor eram capciosas, mania esta, de certo
professor do ginásio que Quintino frequentava.
Estava Quintino numa sabatina e
o professor muito irritado, com as respostas irônicas e fora da matéria, quando
entra na sala o bedel e pergunta se o mestre deseja alguma coisa. O Professor
diz para o bedel:
- Traga um prato de capim!
Quintino, olha para o bedel e
diz:
- Pra mim, apenas um cafezinho!...
(Do anedotário popular -
Redação: Ceará-moleque)
Fonte: Internet (circulando por e-mail e sem autoria
definida).
Nota: Muitos causos de Quintino Cunha
foram contados por seu filho Plautus Cunha, no livro Anedotas do Quintino. 16a Edição. Fortaleza-CE: Editora Ângelo
Accetti, 1974.
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