quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

PRÊMIO NOBEL, DE LITERATURA


Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
A literatura europeia no século XII teve como expoente os trovadores da Provença, Sul da França (Occitânia ou Aquitânia), na Idade Média. Ali notabilizaram-se os rapsodos (poetas declamadores) como Guilherme de Peitieu, Marcabru, Pierre Carderal, e seu corifeu (destacado) Arnault Daniel, elogiado por Petrarca, e denominado “il miglior fabbro” (“o melhor artífice”) por Dante Alighieri (1265-1321). Esses menestréis (rapsodos) entoavam pessoalmente suas cantorias ou xácaras (narrativas sentimentais), ou assim o faziam os cantores profissionais, os “joglars”, ou jograis. Correspondiam aos “asmatógrafos”, escritores de canções.
Esta palavra, corrente nos séculos XVII e XVIII, vem do grego “asma” = “canção” + “grafos” = grafia, ou escrita. Em latim seria “carmen”. Tais artistas perambulantes tiveram seguidores na Alemanha, os “Minnesangers”; cantadores da “Minne”, o amor sublime. Aludida tendência musical atingiu os EUA – como parte de sua cultura negra – no início da 19ª centúria. A música trovadoresca nasceu para ser cantada. A redescoberta do estro provençal (sua riqueza de criação) ocorreu em versões inglesas de seus vários dialetos, feitas (1908-1910) pelo famoso poeta/inventor norte-americano Ezra (Loomis) Pound (1885-1972).
Este foi “o poeta dos poetas”, por sua marcante influência na literatura do século XX. Sua obra principalfoi “The Cantos” (Ed. Faber And Faber, London, 1998), no Brasil traduzidos por José Lino Grunewald, Ed. Nova Fronteira.
Da poesia provençal, máxime (principalmente) da pena e do alaúde de Guilherme de Petieu (1071) originou-se o cancioneiro galego – português dos séculos XIII e XIV. Nesses salientavam-se as “cantigas d’escarnho e de mal dizer”, e as “cantigas d’Amigo”, consoante o festejado epicrítico literário português Teófilo Braga.
Lido por (alguns) brasileiros é o “Cancioneiro da Ajuda” (1904), da filóloga lusitana Carolina Michaelis de Vasconcelos. Esta submersão no espírito lúdico daqueles tempos primevos nos trouxe à tona a outorga do Prêmio Nobel de Literatura (2016) a Robert Allen Zimmerman, por paronomásia (alcunha) Bob Dylan. Este “Dylan” refere ...( Nota: ficou incompleto)
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.

Fonte: O Povo, 18/01/2017. Opinião, p.11.

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