Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Começo este artigo pela cibernética, aqui compreendida como a ciência que
estuda as comunicações e os sistemas de controle dos organismos vivos e
sobretudo dos instrumentos de produção, ora aplicada a uma virose de
abrangência quase mundial é responsável pela criação de um novo tipo de batalha
– a guerra da vacina, sendo está a única novidade na conflagração entre os
países mais adiantados nas ciências sob o manto da chamada ‘pandemia’.
Houve uma batalha insólita, curiosa, entre a Alemanha e a Grã-Bretanha,
acontecida no fim do mês de janeiro de 2021, sobre a eficácia das vacinas
inglesas para a imunização das populações maiores de 65 anos. Rememoro, para
não ir muito para o passado, o goro da Liga das Nações, entidade criada pelo
Tratado de Versalhes, em 28 de julho de 1919, ao fim da Primeira Guerra
Mundial, cujo principal objetivo seria o de servir de espaço para discussões
entre as nações e assim evitar novas contendas. Sua ineficácia ficou óbvia
quando da eclosão da Segunda Grande Guerra.
Fato assemelhado ocorre agora com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
que prega que cada um se defenda, tendo como consequência que as nações ditas
subdesenvolvidas permanecem no ora veja, seja nas vacinações ou nas quarentenas
de trágicas consequências.
Lembro a semelhança dessa situação com o humor chapliniano, que se
referia ao aspecto humorístico puro de uma situação, podendo ou não ter caráter
crítico sobre a conjuntura socioeconômica em que a referida situação se passa.
Há, sem dúvida, uma singularidade nesta pandemia atual, que reside em ser
a primeira delas — informatizada, como escrevi acima. É compreensível,
portanto, que se associe a ela o termo ‘topologia’, no sentido ou modo pelo
qual os vários elementos de uma rede são interconectados, podendo atingir
excelentes resultados ou tecer um complexo de adversidades.
Segundo Zygmund Bauman (1), filosofo judeu-polonês criador do termo
‘mundo líquido’ para o pós-modernismo, filosofia que resultou em inimagináveis
guerras chaplinianas como a denominada no título Guerra das Vacinas.
O que não entendo é essa beligerância entre nações, no afã de se
apresentarem como descobridoras desses agentes imunogênicos, que se assemelha a
uma batalha de marketing. Apronto que as competições mercadológicas,
mormente quando se trata de vidas humanas, são imorais. Parafraseando o citado
Charles Chaplin: Mais
do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência,
precisamos de afeição e doçura.
E prossigo:
Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será confuso como já
se encontra em meio a essa guerra científica e midiática sobre tomar ou não
tomar a vacina e cursa demorar muito para despertar nos Homens o quanto vale
uma vida salva.
(1) Zygmund Bauman
foi um filósofo, sociólogo, professor e escritor polonês. Sua obra influencia
estudos em sociologia, filosofia e psicologia.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES) e da
Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford
(Grã-Bretanha).
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