terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

HOJE MARAVILHÁVEL. MARAVILHOSA FOI E SERÁ

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Imaginemos que a primeira-ministra da Dinamarca chegou de surpresa ao Rio de Janeiro em 22/12/20. Dirigiu-se ao concierge do hotel e, ao manifestar seu desejo de falar com o prefeito, foi informada ser impossível.

"Por quê?", perguntou. "Ele acaba de ser detido." A visitante indagou: "E o governador?". "Não vai dar." "Por quê?". "Está afastado, com impeachment em andamento, e, pelo visto, poderá ser um preso que foi juiz e também governador." "E o substituto que assumiu?". "Eu a aconselho a ir rápido, pois o vice Cláudio Castro tem processo nas costas, e houve uma operação de busca e apreensão em sua casa."

Em entrevista à revista Veja, Castro declarou ter sido convidado a ser o segundo de Witzel por exclusão. Afirmou ele: "Estavam em busca de uma pessoa com certa densidade de votos, que não falasse besteira, fosse minimamente preparada (…) Virei vice porque não tinha outro."

"Então, quero falar com um dos últimos que estiveram à frente do Governo", disse a turista. "Dos cinco anteriores eleitos, um é o ex-juiz, em vias de ser impedido. Outro está preso e, conforme a mídia, relatou já na prisão: 'reconheço que exagerei na mão'. Os três restantes foram todos detidos e, atualmente, aguardam o julgamento em liberdade."

A primeira-ministra, ao observar o caos na política, na segurança e nas finanças públicas do Estado, ficaria perplexa ao compará-lo com seu país.

Contudo, há inúmeros bons fluminenses que poderiam reverter o quadro. Talvez, a impunidade reinante há tempos tenha levado o Brasil a uma crise moral, com ênfase no Rio. Ademais, o antigo status de Capital do País, a ambientar as decisões nacionais, o título de Cidade Maravilhosa, a Lei de Gérson (levar vantagem em tudo) e o glamour do município podem ter contribuído para o atual contraste entre a corrupção e a beleza natural do Rio. Alguns cariocas não souberam dosar bem trabalho e lazer e esqueceram a importância do voto.

Já é hora de os cidadãos brasileiros se arregimentarem, não para invadir legislativos e desvalorizar o precioso sufrágio, como fizeram nos EUA, senão para escolher, pelo voto, estadistas, e não populistas. 

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 14/1/21. p.16.

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