Por André Costa (*)
Na
última terça-feira, acordei cedo e na companhia de um irmão, fui ao posto de saúde
Dr. Eduardo Regis Jucá, conhecido como UAPS Regis Jucá, localizada
no bairro Mondubim.
Nessa
unidade de saúde da Prefeitura de Fortaleza, depois de aguardar numa pequena
fila, recebi a primeira dose da vacina contra o coronavírus, a
Fiocruz/AstraZeneca.
Fui
atendido por um competente trio de enfermeiras/servidoras
públicas diligentes e bem humoradas. Para os(as) profissionais da área da saúde
o que pode trazer mais satisfação que salvar vidas?
Mais
que uma alegria individual e uma felicidade familiar, a vacinação contra
a Covid-19 é uma vitória de quem acredita na ciência, na universalização e
democratização do acesso à saúde e defende mais investimentos públicos para que
a população brasileira, sem qualquer distinção de classe ou de raça, tenha o
seu direito constitucional sanitário concretizado diariamente via o SUS.
É
também um ato político não partidário e uma atitude de resistência individual,
com repercussão coletiva, que vão de encontro às mentiras e ao negacionismo que
tomaram conta de parcela de brasileiros(as), fomentados pela disseminação
de notícias falsas e de notícias fraudulentas sobre diversos
assuntos, dentre os quais, vacinas, urna eletrônica/voto impresso, resultados
eleitorais, comportamentos/orientações sexuais, armas etc.
É
o "novo" modo de exercício de poder com o objetivo de desviar nossa
atenção dos temas realmente relevantes para o desenvolvimento do
país.
Desconheço
que a linha de frente dos(as) negacionistas ou de quem defende
o tratamento precoce tenha recusado a vacinação. Quem não tem medo de morrer?
A
desinformação serve para a ralé, porém, para si próprio, o melhor é
seguir a ciência, inclusive, se possível, no exterior, juntando o
útil ao agradável, ou via a defesa árdua do estabelecimento de grupos
prioritários para serem vacinados ou da compra privada para determinados
segmentos econômicos.
Esses
comportamentos contraditórios demonstram o grau de coerência de
quem ataca as evidências científicas.
Não
bastassem as tentativas de desqualificação de quem defende a aplicação de
vacinas universalmente e o distanciamento social como ações eficazes para
diminuir o número de casos, as internações e as mortes - nos aproximamos de 500
mil mortos e não tem "relatório do TCU" que esconda essa
necropolítica -, a novidade do momento é reestimular o desprezo ao uso
de máscaras em público e aos cuidados básicos necessários para combater a
"terceira onda".
É
fato que a OMS já admitiu a possibilidade relaxar as medidas
de precaução, mas tão somente nas localidades onde a transmissão viral é extremamente
baixa, o que não é o caso do Brasil. Observe como uma informação séria é
manipulada a fim de encorajar uma claque reacionária.
Contudo,
não se deixe levar pelas mentiras que contam por aí. Vacinação, higienização
das mãos, uso adequado de máscara e o distanciamento entre as
pessoas, por mais que nos causem incômodos, é que temos, no momento, para
defender nossas vidas. O resto é política da morte.
(*)
Advogado. Conselheiro federal da OAB e
presidente do Instituto Cearense de Direito Eleitoral.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/6/21. Opinião, p.21.
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