Por Vasco Furtado (*)
O Brasil está
na 62ª posição do Índice Global de Inovação (IGI) de 2020, ranking que abrange
131 países. As causas dessa colocação pouco alvissareira fogem ao escopo deste
artigo, mas exemplos de sucesso mostram que a inovação pode
ser induzida se os mecanismos adequados forem utilizados.
O
caso do projeto Elmo, equipamento de apoio a respiração
não-invasiva resultado de um processo criativo multi-institucional, é
simbólico.
O
Elmo não é inovação somente como equipamento de saúde, mas
também como processo de inovação.
Várias
dificuldades que geralmente emperram o processo de inovação no País foram
superadas por meio da construção de um Arranjo Produtivo para
a Inovação.
Esse
arranjo se caracterizou pela união de indústria, governo e
academia para atacarem a um problema específico, bem-definido, real e urgente
da sociedade.
A
equipe multidisciplinar de engenheiros, técnicos, acadêmicos,
industriais, médicos, fisioterapeutas e gestores públicos e privados foi capaz
de criar e colocar em funcionamento uma solução efetiva para reduzir as
necessidades de intubação e uso de respiradores mecânicos em pacientes com
Covid-19.
Em
cerca de nove meses, o Elmo foi concebido, desenhado, produzido, comercializado
e passou a ser usado por pacientes de hospitais em todo o
País. Até essa data, cerca de 10.000 Elmos já foram comercializados.
Relatos
de pacientes, fisioterapeutas, bem como trabalhos científicos na área médica,
já evidenciam o sucesso do produto.
A
redução significativa dos pacientes que, após o uso de Elmo, não precisam ser intubados é
percebida no dia a dia dos hospitais.
Num
cenário onde a taxa de mortalidade de pacientes intubados é maior que 50%,
pode-se dizer que o objetivo de "salvar vidas", que aglutinou
a todos da equipe, está sendo atingido.
O
Elmo 2.0 já está em gestação. Com apoio financeiro da Fundação Edson Queiroz
(FEQ) e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico do Estado (FUNCAP),
funcionalidades que possam dar mais segurança a pacientes e
profissionais de saúde, e experimentos científicos para dar mais rigor as
avaliações de uso estão sendo desenvolvidos.
Além
disso, a equipe técnica do Elmo e pesquisadores de administração de empresas,
se debruçam também sobre como esse modelo de produção da inovação pode ser estendido e aplicado em
outros cenários.
Ares puros devem continuar a ser
lançados na inovação cearense.
(*)
Professor da Unifor e da equipe do Elmo.
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