quinta-feira, 5 de agosto de 2021

ELMO: NOVOS ARES PARA INOVAÇÃO

Por Vasco Furtado (*)

O Brasil está na 62ª posição do Índice Global de Inovação (IGI) de 2020, ranking que abrange 131 países. As causas dessa colocação pouco alvissareira fogem ao escopo deste artigo, mas exemplos de sucesso mostram que a inovação pode ser induzida se os mecanismos adequados forem utilizados.

O caso do projeto Elmo, equipamento de apoio a respiração não-invasiva resultado de um processo criativo multi-institucional, é simbólico.

O Elmo não é inovação somente como equipamento de saúde, mas também como processo de inovação.

Várias dificuldades que geralmente emperram o processo de inovação no País foram superadas por meio da construção de um Arranjo Produtivo para a Inovação.

Esse arranjo se caracterizou pela união de indústria, governo e academia para atacarem a um problema específico, bem-definido, real e urgente da sociedade.

A equipe multidisciplinar de engenheiros, técnicos, acadêmicos, industriais, médicos, fisioterapeutas e gestores públicos e privados foi capaz de criar e colocar em funcionamento uma solução efetiva para reduzir as necessidades de intubação e uso de respiradores mecânicos em pacientes com Covid-19.

Em cerca de nove meses, o Elmo foi concebido, desenhado, produzido, comercializado e passou a ser usado por pacientes de hospitais em todo o País. Até essa data, cerca de 10.000 Elmos já foram comercializados.

Relatos de pacientes, fisioterapeutas, bem como trabalhos científicos na área médica, já evidenciam o sucesso do produto.

A redução significativa dos pacientes que, após o uso de Elmo, não precisam ser intubados é percebida no dia a dia dos hospitais.

Num cenário onde a taxa de mortalidade de pacientes intubados é maior que 50%, pode-se dizer que o objetivo de "salvar vidas", que aglutinou a todos da equipe, está sendo atingido.

O Elmo 2.0 já está em gestação. Com apoio financeiro da Fundação Edson Queiroz (FEQ) e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico do Estado (FUNCAP), funcionalidades que possam dar mais segurança a pacientes e profissionais de saúde, e experimentos científicos para dar mais rigor as avaliações de uso estão sendo desenvolvidos.

Além disso, a equipe técnica do Elmo e pesquisadores de administração de empresas, se debruçam também sobre como esse modelo de produção da inovação pode ser estendido e aplicado em outros cenários.

Ares puros devem continuar a ser lançados na inovação cearense.

(*) Professor da Unifor e da equipe do Elmo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/6/21. Opinião, p.21.

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