Meraldo
Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O avanço dos meios de comunicação, e o
galopante crescimento do conhecimento médico, fazem com que, seja urgente, se
treinar os profissionais de Saúde, para que dominem a difícil arte de noticiar
os fatos e educar a população. Não deve mais ser permitido o encastelamento, ou
a omissão de notícias, às pessoas. A democracia é isso! Sem educação e sem
liberdade de imprensa, inexiste a cidadania!
Um caso:
Eu presidi uma Mesa Redonda, na Sociedade
Brasileira de Medicina Psicossomática / Regional de Pernambuco, a respeito de SIDA
e suas repercussões sociais. Isso ocorreu na época do flagelo da síndrome da
deficiência imunológica e, poucos, sabiam acerca de sua epidemiologia. Aquela
era uma matéria importante, como, aliás, tudo o que envolve os desvios da
sexualidade humana. Entretanto, naquele momento, considerava-se que a patologia
afetava o homossexualismo (fato que mostrou se tratar de mero preconceito). A
Mesa estava composta por três especialistas. Foi uma bela reunião, um auditório
interessadíssimo, porém, quando fui dar o encontro por encerrado, eis que um
dos participantes me fez uma pergunta:
– O colega, presidente da Mesa, como pediatra, poderia nos esclarecer se,
o vírus da SIDA, é capaz de ser transmitido através da amamentação? Fez-se um
enorme silêncio no auditório.
Por sorte, ou por azar, eu respondi:
– A Revista Time noticiou que, na Suécia, foram constatados
dois casos de SIDA, por contaminação, através do leite materno. Com muito
cuidado, respondi que havia a dúvida de outras secreções, que não a
espermática, serem responsáveis pela transmissão da doença. E, esclareci,
ainda, desconhecer, outras publicações médicas, indexadas sobre o assunto.
No dia seguinte ao ocorrido, eu li,
estupefato, a seguinte manchete de Jornal:
PROFESSOR DE PEDIATRIA DECLARA QUE O LEITE MATERNO
PRODUZ AIDS.
Para sair “dessa fria” não foi fácil!
Imagine agora… com a tal das fake news.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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