Por Assis
Cavalcante
(*)
Dia desses, um
amigo me contou algo que ouço recorrentemente: o mundo anda enviesado. É o povo
brincando com a sorte, desperdiçando vida, zombando do Divino. Pessimista,
reportou-se, entre outras, ao Cristo levado à Sapucaí em 2019, açoitado e
crucificado no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro;
aos contraventores da fé - vendilhões dos templos nos tempos modernos...
Não acredito em um Deus rancoroso, vingativo, mas que o homem colhe o que
plantou. A pandemia em 2020, por exemplo, simboliza advertência, necessidade de
mudarmos conceitos. Nada de castigo do Alto.
Nesse sentido,
lembro-me de um velhinho do Serrote do Marinheiro, em Maranguape, dado a
profecias, que certa vez se assustou com a "visão" que teve de um
jovem pisando na cabeça de um Cristo de borracha na vitrine de uma loja.
"Não brinquem com as coisas sagradas!", alertou. Corroboro as palavras
dele, acrescentando: respeite o Cristo! Por tudo que atravessamos, imagino o
filho de Maria a pedir que O respeitemos, que vivamos os Seus ensinamentos,
honremos a família, as instituições.
Ainda sob as
luzes do Natal, recorro à natureza para falar de renovação. A cajazeira (árvore
que dá o cajá) perde toda a folhagem entre novembro e dezembro. Quando chega
janeiro, as folhas renascem e, de março para abril, na quadra chuvosa, a planta
frutifica e os cajás caem de maduro. Por isso o dizer: "Cajá se colhe na
lama".
O que nos proporciona
o período de celebração ao nascimento do Cristo? A preparação para um ano
promissor, o reencontro com a esperança, as reflexões sobre mudanças,
fazendo-se o melhor por si e pelo outro. Um juízo interior forte é: se você
está em dúvida se vai cometer um ato, lícito ou não, pense: "Se eu contar
isso pra minha mãe, ela vai me deixar fazer?" É a "regra áurea"
- não faça ao outro o que não gostaria que o outro lhe fizesse.
Falando aos
empresários, por fim: cuidemos da nossa saúde, continuemos a gerar emprego
e renda, atendamos às causas básicas da sociedade, pagando impostos com justiça
fiscal. E vivamos o Evangelho do Mestre na atitude, qualificando mão de obra,
promovendo dignidade. Somos instrumentos de paz social, franciscanamente.
(*) Empresário. Presidente do CDL.
Fonte: O Povo, de 7/01/2022. Opinião. p.22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário